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Caciques paulistas não têm projetos políticos coesos para 2014

O governador paulista Geraldo Alckmin sonha com a candidatura de José Serra (PSDB) para a Prefeitura de São Paulo. Mas ele não quer. Serra, por sua vez, não descarta concorrer a governador em 2014. Mas aí é seu afilhado político, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), que não quer. A incompatibilidade dos projetos dos três principais líderes políticos de São Paulo ameaça abalar a aliança governista do estado.

Em comum, Alckmin e Serra trabalham para evitar que o senador mineiro Aécio Neves se firme como única alternativa do PSDB à corrida presidencial de 2014.

Mas a coincidência para por aí. Serra sabe que a consolidação do nome do mineiro fecha-lhe duas possibilidades: a Presidência e o governo de São Paulo. Por isso infla Alckmin como presidenciável, nem que seja só para debilitar Aécio.

Serra apoiará definitivamente a escolha de Alckmin para sucessão presidencial caso perceba que não tem chances. Assim, poderá pelo menos concorrer ao governo de São Paulo. Mas é isso que assusta Kassab.
Em seu segundo mandato, o prefeito planeja disputar o Palácio dos Bandeirantes. Mas, em recente jantar com o presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, disse que só não tentará o governo caso Serra seja candidato.

"Se Kassab dissesse algo diferente, eu ficaria assustado. Depois de um pé em Serra, a próxima vítima seria eu", disse Campos. O PSB é um dos partidos com os quais Kassab flerta. Prestes a aderir à base governista, ele pretende consultar até o PT sobre sua candidatura. Teme, no entanto, o carimbo de desleal e evitará um confronto com Serra.

Prefeitura

Já Alckmin idealiza o lançamento de Serra para a Prefeitura de São Paulo por dois motivos: além de imobilizar um potencial rival para governo ou Presidência, o governador ainda se livra do desgaste de patrocinar um candidato num momento em que não existe nome natural para o cargo.

A eleição de Serra permitiria ainda uma composição com Kassab num cenário dos sonhos de Alckmin: ele para Presidência e o prefeito para o Palácio dos Bandeirantes.

Todo o quebra-cabeça dependerá ainda do destino de Kassab. Em avançada negociação com o PMDB, o prefeito voltou a conversar com o PSB. Ele pretende deixar o DEM em março, após as eleições do partido.

Ele estuda três alternativas para permitir que deputados aliados deixem a sigla sem risco de perda de mandato. Além da flexibilização temporária da regra da fidelidade (que dependeria de acordo no Congresso), Kassab tenta convencer o DEM a se fundir com outro partido.

Nesse caso, os parlamentares do DEM poderiam deixar a legenda sem perder o mandato. A criação de uma nova legenda é outra hipótese em que a desfiliação não implica punição.

Fonte: Folha de S.Paulo