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Metalúrgicos cobram fim de práticas antissindicais em Betim

Cerca de 250 metalúrgicos da Tower Automotive, em Betim (MG), atrasaram por aproximadamente uma hora o início da produção, na entrada do primeiro turno da fábrica, às 6 horas, em protesto organizado pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Betim, Igarapé e São Joaquim de Bicas, na manhã de sexta-feira (11).

- Eliezer Dias

Durante a manifestação, os metalúrgicos exigiram o fim das práticas antissindicais que vêm sendo adotadas pela empresa, que incluem a perseguição ao dirigente sindical André Azevedo, funcionário da fábrica, a demissão de membros da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), apesar destes gozarem de estabilidade no emprego, e a proibição de livre
associação ao sindicato, o que fere direito previsto na Constituição Federal. Além disso, a empresa proíbe os trabalhadores de participarem de atividades promovidas no clube de lazer do sindicato, bem como de terem acesso às publicações distribuídas pela entidade.

“Pelo menos desde 2009, a Tower tem adotado uma conduta que fere o livre direito de organização dos metalúrgicos e o pleno exercício das atividades sindicais, inclusive com a criação de milícias armadas para reprimir os trabalhadores, fato que já foi denunciado ao Ministério Público do Trabalho, Assembléia Legislativa de Minas Gerais, Polícia Federal e à
Organização Internacional do Trabalho (OIT). A manifestação foi a forma encontrada pelos trabalhadores da fábrica para reagir a esta situação”, afirma o vice-presidente do sindicato, João Alves de Almeida.

O ápice da conduta antissindical adotada pela Tower foi a demissão, na semana passada, do cipeiro Robson Teixeira Porto, que, inclusive, integra a chapa que participará das eleições para renovação da diretoria do sindicato, que ocorrerá entre os próximos dias 22 e 24 de fevereiro.

“Mais uma vez, a empresa passou por cima do direito que este metalúrgico goza de estabilidade no emprego”, reforça João Alves.

Apoios

A manifestação teve o apoio de diversas entidades do movimento sindical, como de metalúrgicos de Belo Horizonte e Contagem (MG), Rio de Janeiro, Camaçari (BA) e Itatiba (SP), além do Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro), Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações (Sinttel-MG), Construção Civil de Betim e representantes da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) – à qual o sindicato é filiado. A Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST) e a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) também apoiaram o ato.

A Tower Automotive, que emprega cerca de 480 trabalhadores, responsáveis pela produção de componentes estruturais e conjuntos de metal automotivos, integra o cinturão de fornecedoras de peças para a Fiat Automóveis.

Anteprojeto de lei

Em janeiro deste ano, as principais centrais sindicais brasileiras (CTB, CUT, Nova Central, CGTB, Força Sindical, NCST e a União Geral dos Trabalhadores, UGT) finalizaram uma proposta de anteprojeto de lei que visa combater as práticas antissindicais e garantir o pleno exercício da atividade sindical. A elaboração do documento é resultado de um seminário nacional realizado em dezembro do ano passado pelas centrais, que o classificam
como um “instrumento essencial no fortalecimento do estado democrático e
de direito”.

A ideia das centrais é encaminhar o documento para debates no Conselho de Relações do Trabalho e pautar o tema nas Conferências do Trabalho Decente.

De Betim, Eduardo Durães