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Oposição no Bahrein condiciona diálogo à renúncia do governo

Grupos de oposição e manifestantes contrários ao governo do Bahrein dizem que somente negociarão com a monarquia do país após suas demandas por reformas serem aceitas. Eles pedem a renúncia do atual gabinete de governo, a libertação de prisioneiros políticos e uma investigação sobre a morte de manifestantes.

Seis pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas na semana passada após as forças de segurança dispersarem manifestações com violência. Os manifestantes restabeleceram um acampamento na Praça Pérola, no centro da capital do país, Manama, que havia sido esvaziada pelo Exército na madrugada da quinta-feira (17).

Centenas de pessoas passaram a noite de sábado para domingo na praça, que se tornou o principal ponto de concentração dos protestos contra o governo. Os manifestantes retornaram à praça após o príncipe herdeiro do país, Salman bin Hamad al-Khalifa, em sua condição de comandante em chefe das Forças Armadas, ter ordenado a retirada do Exército das ruas e sua substituição por forças policiais.

A retirada dos militares era uma das exigências feitas pelos grupos opositores para dialogar com a monarquia.

O príncipe Salman foi encarregado pelo pai, o rei Hamad bin Isa al-Khalifa, de negociar com os grupos opositores. Alguns líderes da oposição defendem reformas políticas que levem o país a se tornar uma monarquia constitucional democrática. Mas alguns manifestantes também vêm pedindo a renúncia do rei Hamad.

Um líder da oposição xiita do Bahrein anunciou neste domingo que o diálogo político com o poder só terá início depois que o atual governo renunciar.

"Um governo que não pôde proteger o próprio povo deve renunciar, e os responsáveis pela matança devem ser julgados", declarou à AFP Abdel Jalil Ibrahim, chefe do bloco parlamentar Wefaq, principal movimento da oposição xiita.

"A oposição não recusa o diálogo" proposto pelo príncipe herdeiro Salman Ben Hamad Al Khalifa, destacou, "mas exige uma plataforma que favoreça o diálogo".

A família real pertence à minoria sunita do país, enquanto a maioria dos manifestantes contra o governo é da maioria xiita, que alega ser marginalizada e reprimida. Apesar disso, muitos manifestantes têm sido cautelosos ao descrever a revolta popular como não sectária, cantando slogans como: “Não há sunitas ou xiitas, apenas a unidade barenita”.

O Bahrein é um dos vários países árabes ou muçulmanos que vêm enfrentando manifestações pró-democracia desde a queda do presidente da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, em janeiro.

Desde então, protestos populares também forçaram a renúncia do presidente do Egito, Hosni Mubarak, no dia 11 deste mês. Protestos populares estão ocorrendo ainda em países como o Iêmen e a Argélia.

Segundo informações da BBC, o príncipe Salman fez contato com representantes de todos os grupos políticos do país, incluindo os principais grupos opositores xiitas.

Em comunicado transmitido pela TV, o príncipe apelou à união nacional. “Espero que possamos nos dar as mãos, trabalhar juntos e nos comunicar com todas as forças políticas do país”, afirmou. “Juntem-se a nós para acalmar a situação, para que possamos ter um dia de luto pelos nossos filhos perdidos.”

Em entrevista à TV CNN, ele pediu perdão pelas mortes ocorridas na semana passada. “Lamentamos profundamente. Isso é uma tragédia para nossa nação”, disse. Segundo ele, os manifestantes poderão permanecer na Praça Pérola.

Com agências