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Peritos localizam ossadas que podem ser de presos políticos em SP

Peritos do Ministério Público Federal, da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, do Instituto Nacional de Criminalística do Departamento de Polícia Federal e do Instituto Médico Legal (IML) removeram nesta terça-feira (22) três ossadas encontradas em sepulturas do Cemitério da Vila Formosa, na zona oeste de São Paulo. Segundo informações, a sepultura pode sido utilizada para enterrar os restos mortais de presos políticos desaparecidos durante a ditadura militar (1964-1985).

Os peritos esperam encontrar em uma das seis covas que serão escavadas as ossadas do militante Virgílio Gomes da Silva, preso e morto pela ditadura em setembro de 1969. Virgílio foi um dos líderes do grupo que sequestrou o embaixador americano Charles Burke Elbrick.

No fim de novembro passado, um ossário clandestino existente no local foi aberto, mas os trabalhos foram interrompidos no dia 3 de dezembro. Entre as ossadas encontradas até o momento pode estar a do militante da Ação Nacional Libertadora (ALN) Sérgio Correia.

Segundo o advogado do Grupo Tortura Nunca Mais e da família de Virgílio Gomes da Silva, Lúcio França, as buscas foram motivadas por documentos que apontam a possibilidade de o militante estar enterrado no Cemitério da Vila Formosa. O MPF entrou com uma ação civil pública que teve como desdobramento as escavações.

Com as escavações, outras famílias foram beneficiadas já que pelo menos 16 ossadas encontradas na primeira escavação em novembro podem ser de presos políticos. Os restos mortais estão sendo analisados pela Polícia Federal que, no último dia 14, montou uma base no IML, onde estão centralizados os estudos das ossadas.

"Muitas famílias estão ligando para o grupo querendo saber se existe a possibilidade de seus parentes estarem entre essas ossadas. Estamos pedindo que essas pessoas entrem em contato conosco para que possamos dar a orientação necessária para que eles possam passar por esse processo de investigação e exumação", disse França.

Eugênia Gonzaga, procuradora da República, afirmou que os trabalhos devem ser concluídos no final da semana. "Temos relatos e dados antropológicos que nos permitem identificar o Virgílio, por isso nem todas as ossadas serão analisadas. Esses dados nos permitem eliminar algumas hipóteses. Pretendemos chegar a uma conclusão dessas sepulturas ainda nesta semana".

Fonte: Portal Terra