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Estados Unidos "fecham o tempo" sobre a Líbia

Destruir as defesas aéreas líbias, prelúdio para impor uma zona de exclusão de voos, marcaria o início de uma agressão, admitiu nesta terça-feira (1º/3) o general James Mattis, chefe do Comando Central estadunidense.

Entre as ações que os EUA e seus satélites anteciparam para derrubar o líder líbio Muamar Kadafi está a criação de uma zona de exclusão aérea, de controle completo pelos imperialistas.

Na segunda-feira, a Secretaria de Defesa anunciou um reposicionamento de suas unidades navais no Mar Mediterrâneo e no norte da África, em uma região muito próxima da Líbia.

Os militares norte-americanos alegam que isso impediria as forças leais a Kadafi de atacar os militares e civis em insurreição com o uso de aviões e helicópteros.

Unidades da marinha estadunidense já se aproximam da costa marítima do país, vindas do Mar Vermelho e, segundo o Pentágono, são compostas por um porta-aviões nuclear e um navio porta-helicópteros, o USS Kearsarge, tripulado por centenas de Marines e que pode ser empregado em diversas missões.

Ladainha de guerra

Em uma tentativa de justificar a provável agressão contra a Líbia, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, afirmou que a Líbia corre o risco de uma “guerra civil prolongada”.

Ela tenta dar a entender que uma intervenção do imperialismo não traria os danos que uma guerra civil poderia impor ao país. A secretária de Estado voltou a exigir que Kadafi "saia agora, sem mais violência, nem atrasos".

"A região (Oriente Médio) inteira está mudando, e uma resposta americana forte e estratégica será essencial", disse Hillary em uma audiência no comitê de Assuntos Exteriores do Congresso americano.

"Nos próximos anos, a Líbia pode se tornar uma democracia pacífica ou pode enfrentar uma guerra civil prolongada. Os riscos são grandes", filosofou.

Segundo Hillary, o governo dos EUA “não exclui qualquer opção” e a imposição de uma zona de exclusão aérea “é uma ação que se analisa ativamente”. No entanto, ela não detalhou como podem ser executadas essas propostas. Para a secretária, a Líbia enfrenta um momento político e econômico que pode levar a “afundar-se no caos”.

Suspensão

Em mais um capítulo do jogo de pressão contra o país árabe, a Assembleia Geral da ONU suspendeu a Líbia como país membro do Conselho de Direitos Humanos, devido ao suposto uso da violência pelo regime líbio na repressão aos protestos. A resolução foi aprovada pela Assembleia Geral, formada por 192 países, com base na recomendação do Conselho de Direitos Humanos sediado em Genebra, na Suíça.

"Essas ações enviam uma mensagem forte e importante. Uma mensagem de grande importância na região e fora dela, de que não há impunidade. De que aqueles que cometem crimes contra a humanidade serão punidos, de que os princípios fundamentais de justiça e responsabilidade devem prevalecer", disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

Kadafi diz não temer ataque

A Líbia considerou inaceitável uma intervenção militar estrangeira em seu território e assegurou não temer um eventual ataque, em seguida às ameaças feitas pela secretária de Estado Hillary Clinton.

Saif al-Islam el-Kadafi, filho do líder líbio, afirmou a uma emissora europeia que "o uso da força contra a Líbia é inaceitável e não existe nenhuma razão para isso", mas também advertiu que o governo e seus apoiadores farão frente a uma invasão.

De acordo com Saif al-Islam, se as potências imperialistas recorrerem à intervenção militar, "que sejam bem-vindos, estamos preparados e não temos medo deles", afirmou.

Da mesma forma, criticou a imposição de uma zona de exclusão aérea em parte do território líbio, acusando de ingerência nos assuntos internos do país e recordando que o ato não seria uma novidade, já que o país enfrentou no passado bloqueios e sanções.

"Temos experiência, estamos unidos e não temos medo", repetiu Saif al-Islam. Momentos depois, seu pai assegurou na televisão estatal do país que conta com o apoio majoritário do povo para enfrentar qualquer agressão.

"Meu povo me ama, está disposto a morrer por mim", afirmou o líder em declarações ao canal americano CBS e depois de negar que haja uma rebelião contra si. "As revoltas em algumas áreas do país são obra da al-Qaida", voltou a repetir.

Navios avistados no mar

Nas primeiras horas desta terça-feira o coronel Hamad Abdulah al-Hasi, que desertou do Exército regular e se uniu aos sublevados, declarou à emissora de televisão catariana al-Jazira que "várias unidades navais dos Estados Unidos já navegam diante da costa de al-Bayda (noroeste da Líbia)".

A localidade está há uma semana sob controle dos insurgentes antigovernamentais, da mesma forma que Bengazi, a segunda cidade do país, e Tobruk, mais próxima da fronteira com o Egito e principal porta de acesso aos jornalistas estrangeiros.

Com informações da Prensa Latina e agências