Dia Internacional da Mulher terá passeata em São Paulo
Os movimentos feministas que tradicionalmente organizam a passeata em São Paulo no Dia Internacional da Mulher – 8 de março – decidiram realizar as manifestações em dois momentos neste ano. No dia 8, terça-feira de carnaval, a mensagem será levada pelo bloco "Adeus, Amélia!". A passeata, entretanto, ficou para o dia 12, a fim de que o recado seja dado também com protesto de rua, como nos anos anteriores.
Publicado 02/03/2011 18:08
Reconhecendo os avanços conquistados pela luta das mulheres e a importância histórica da eleição da primeira mulher para a Presidência da República, as feministas sairão às ruas para dizer que isso apenas não basta para mudar a vida das mulheres. “Estamos em luta diária contra a violência sexista, pela descriminalização e legalização do aborto, valorização do nosso trabalho, educação de qualidade para todos e solidárias às lutas anticapitalistas travadas no Brasil e no mundo”, afirmam as quase cem organizações que convocam o ato do dia 12. Participarão do ato mulheres da capital, Grande São Paulo e de diversas regiões do estado, como Campinas, Sorocaba, Baixada Santista, Vale do Ribeira e Vale do Paraíba.
Primeira mulher presidente
Para a coordenadora nacional da União Brasileira de Mulheres (UBM), Elza Campos, a eleição de Dilma Rousseff "representa a reafirmação das conquistas das mulheres no século 20, no qual, sob nossa ótica, deu-se o nascimento social da mulher. Anteriormente não fazíamos parte da história oficial". A feminista acredita que a eleição da primeira presidente tem um valor simbólico muito importante rumo ao que chama de "empoderamento da mulher", podendo animar as novas gerações a ter meninas que se animem a participar politicamente, seja em associações, sindicatos, entidades, etc.
Além disso, para a UBM a história de luta da presidente é um fator importante: "a história de Dilma, que iniciou sua vida pública aos 16 anos defendendo a liberdade de seu povo, é digna de nosso mais profundo respeito. Dilma tem uma trajetória de esquerda, de contestação, de irreverência que combina com os ideais do movimento feminista", afirma Elza Campos. A afirmação do papel da mulher que, segundo ela, tem marcado o discurso e a prática da presidente, é também valorizada: "Dilma tem demonstrado sensibilidade com as desigualdades e o hiato na representação política da mulher, tanto quanto afirma que a mulher pode, como tem demonstrado concretamente a necessidade de romper com este processo histórico desigual ao indicar mulheres para ministérios e para postos importantes no governo", completa a coordenadora da UBM.
Pauta
Com a manifestação, as feministas querem chamar a atenção da população para os principais problemas que enfrentam. Entre eles, a tentativa, por parte do STF, de supressão de medidas jurídicas criadas com a Lei Maria da Penha; a falta de investimento por parte do governo estadual na ampliação das delegacias da mulher e casas-abrigo; o déficit de vagas em creches e na educação infantil de São Paulo; o crescimento da intolerância e do conservadorismo, com manifestações de violência contra lésbicas, homossexuais e transexuais na cidade; o desrespeito a direitos trabalhistas das mulheres; o descaso do poder público com a reforma urbana e agrária; e a mercantilização do corpo da mulher nos meios de comunicação, entre outros.
As brasileiras prestarão ainda solidariedade internacional às mulheres de todo o mundo, tanto àquelas que lutam na Europa contra os efeitos da crise quanto àquelas que se batem para derrubar ditaduras ou acabar com ocupações militares.
Sobre o 8 de Março
Em 1910, a alemã Clara Zetkin propôs, na 2ª Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, a criação do Dia Internacional da Mulher, celebrado inicialmente em datas diferentes, de acordo com o calendário de lutas de cada país. A ação das operárias russas no dia 8 de março de 1917 é a razão mais provável para a fixação desta data como o Dia Internacional da Mulher. Com a revolução, muitos direitos foram conquistados, como o voto, a elegibilidade feminina e o direito ao aborto. Em 1922, a celebração internacional foi oficializada e o 8 de Março se transformou na data símbolo da participação das mulheres para transformarem sua condição e a sociedade como um todo.
Serviço:
Atividades de celebração do Dia Internacional da Mulher
Bloco "Adeus, Amélia!"
Data: 8 de março (terça-feira de carnaval)
Concentração: 14 horas
Local: final do elevado Presidente Artur da Costa e Silva, o Minhocão (próximo à Avenida Francisco Matarazzo).
Passeata do Dia Internacional da Mulher
Data: 12 de março (sábado)
Concentração: 9h30
Local: Centro Informação Mulher, na Praça Roosevelt (R.Consolação, 605)
Da redação, Luana Bonone, com assessoria