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Engenheiro brasileiro conta como foi seu retorno da Líbia

O engenheiro Emir Mourad, que passou os últimos dois anos morando na Líbia, conta como foi o retorno para o Brasil após o início dos protestos na cidade de Benghazi, em que trabalhava contratado pela construtora Queiroz Galvão. No seu retorno ao Brasil, Emir convidou seus amigos na quarta-feira (2) para um bate-papo no Clube Homs, espaço tradicional de atividades da comunidade árabe no Brasil, para contar sua saga de volta a São Paulo. Entre os presentes, estava o vereador Jamil Mourad (PCdoB).

Emir contou que trabalhava em obra da construtora na cidade de Benghazi, principal cidade tomada pelos rebeldes que protestam contra o governo de Muamar Kadafi. Logo no início dos protestos de 17 de fevereiro, as seis obras sob responsabilidade da empreiteira – uma em Benghazi e as outras cinco em cidades próximas –, avaliadas em cerca de R$ 1 bilhão, foram suspensas e a Queiroz Galvão buscou uma ação coordenada com o Itamaraty e o embaixador brasileiro George Ney de Souza Fernandes para a retirada dos seus funcionários do país.

Pelo ar

Segundo o engenheiro, já no dia 19 de fevereiro, a construtora disponibilizou dois aviões com 100 lugares, o que seria suficiente para retirar os seus 200 funcionários que lá residiam. Entretanto, o desentendimento entre a oposição, que já havia tomado o quartel em Benghazi, e o governo do presidente Muamar Kadafi, que ainda mantém o controle sobre a capital, Trípoli, não permitiu que o avião saísse desta cidade e pousasse em Benghazi para resgatá-los.

Pelo mar

Diante do impasse, empresa e autoridades chegaram à conclusão de que era preciso outro meio de transporte e alugaram, então, um navio grego, que retirou da Líbia os 148 brasileiros, 48 portugueses, três espanhóis e um tunisiano que trabalhavam para a Queiroz Galvão. Além dos funcionários da construtora, o navio deu carona ainda a pelo menos 160 filipinos e alguns outros estrangeiros que se encontravam no país árabe.

Entretanto, longos cinco dias se passaram entre a chegada do navio e a boa vontade das marés. Embora o navio tenha saído da Grécia no dia 23 e em 24 de fevereiro já estivesse em águas líbias, o mar revolto impediu que o navio tivesse autorização para atracar e embarcar os passageiros até o dia 26. Nesse ínterim, 56 funcionários se espalharam em camas, colchões e mesmo no chão da casa do diretor da empresa da Líbia e outros 144 aguardaram em um hotel. Embarcados, encararam mais um dia de viagem até a Grécia e de lá puderam retornar aos seus países.

Emir Mourad chegou em São Paulo na segunda-feira (28) à noite. A retomada do seu trabalho na Líbia ou não só será definida após a superação da instabilidade pela qual passa o país.

De São Paulo, Luana Bonone