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CMP apela à ONU contra intervenção estrangeira na Líbia

O Conselho Mundial da Paz (CMP), presidido pela brasileira Socorro Gomes, divulga nesta sexta-feira (4) nota em que se solidariza com o povo líbio e defende a sua autodeterminação, repudiando qualquer tipo de intervenção estrangeira no país.

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“Os povos não podem aceitar a intervenção, a destruição de soberanias pelas potências imperialistas, capitaneadas pelos Estados Unidos. O povo líbio deve resolver de forma soberana seus rumos”, argumenta Socorro, que é também presidente do Centro Brasileiro de Luta pela Paz (Cebrapaz).
 
Para a presidente do CMP, os países que propõem intervenção na Líbia, sob o argumento de estruturar a democracia do país, pretendem saquear os recursos naturais – sobretudo energéticos – de países do Oriente Médio. “Os Estados Unidos e a Inglaterra querem, com essa máquina estúpida de guerra que é a Otan, controlar a região para saquear o petróleo, abocanhar o gás e dominar a política no Oriente Médio. Quando os Estados Unidos dizem que querem redesenhar o Oriente Médio, a ferro e fogo, o interesse é abrir caminho para assaltar os recursos naturais”. A nota tem o objetivo de ser um apelo público à ONU para que não permita intervenção estrangeira no país.

Enfática, Socorro rechaça intervenção na Líbia e manifesta solidariedade ao seu povo: “repudiamos qualquer intervenção ao mesmo tempo em que somos completamente solidários ao povo líbio para construir o caminho da paz de forma soberana”, completa Socorro.


Leia a íntegra da nota do CMP:
"Declaração do Conselho Mundial da Paz ante a situação na Líbia e os planos de intervenção militar estrangeira.

O Conselho Mundial da Paz (CMP) expressa sua profunda indignação com os recentes acontecimentos ocorridos na Líbia. Desta maneira, condena o assassinato de centenas de civis inocentes que protestavam desarmados contra as forças armadas do governo líbio, assim como expressamos a nossa categórica rejeição a toda intervenção militar por parte dos Estados Unidos, a Organização do Tratado Atlântico Norte (Otan), a União Europeia, sob qualquer pretexto.

Destacamos o direito do povo líbio de expressar a sua raiva, agonia, e as suas demandas por mudanças nos campos sociais, econômicos e pelo seu direito soberano para determinar a política de desenvolvimento do seu próprio país.

Os imperialistas ao serviço das grandes companhias multinacionais e do capital internacional estão a procurar a oportunidade do descontentamento para ter um maior e amplo controle sobre o petróleo, o gás e outros recursos naturais da Líbia, expandindo assim a sua esfera de influência.

Denunciamos a presença militar de barcos de guerra de vários países membros da Otan nas águas internacionais próximas à Líbia, o que serve de preâmbulo para um possível ataque, ao mesmo tempo que demandamos a sua saída imediata da área.

Independentemente de qualquer opinião que tenhamos sobre a atuação do regime líbio e as suas atuações e prioridades na sua política exterior, particularmente nos últimos anos, é direito inalienável do povo líbio determinar e aplicar as decisões sobre as mudanças que considere necessárias sem nenhuma presença militar estrangeira ou política de imposição.

O Conselho Mundial da Paz expressa de coração o seu total apoio solidário com o povo líbio ao mesmo tempo que demanda a cessação do derramamento de sangue.

Expressamos o nosso desacordo com as sanções impostas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, que somente afetarão o povo líbio, e reiteramos que nenhuma agressão militar estrangeira será aceita em nenhuma condição

Secretariado do Conselho Mundial da Paz.
Atenas, 3 de Março 2011"

 
Da redação, Luana Bonone