Foliões resistem em dar adeus à festa

Quarta-feira Ingrata? Nem pensar! As ladeiras de Olinda ainda fervem com o desfile do Bacalhau do Batata e Mungunzá de Zuza. A concentração começou às 8h no Alto da Sé, no Sítio Histórico.

A saída foi às 10h10 e a festa continua até a noite. Aproximadamente 12h, o cortejo passou na frente da Prefeitura, com a banda tocando os sucessos Vassourinhas, Hino do Elefante e até o Hino de Pernambuco. Sombrinhas de frevo coloriam o cenário daqueles que ainda não deixam a festa de Momo terminar.

Pouco antes do Bacalhau descer a ladeira, um senhor embriagado tocava uma corneta de plástico vermelha junto com a orquestra de frevo, arrancando risadas dos foliões que seguiam o bloco. Alguns bonecos gigantes também participaram do desfile. Poucas pessoas estavam fantasiadas, mas animação não faltou em momento algum.

As irmãs Suzana Pereira, 38 anos, e Selma Pereira, 36 anos, seguem o bloco há quatro anos. "Já é tradição", afirma Selma. Elas já estão contando os dias pro próximo carnaval: "faltam 345 dias", avisa Suzana, para o próximo Sábado de Zé Pereira. "Mas a gente não espera tanto. Começa nas prévias e termina no Camburão", completa Selma novamente, referindo-se ao bloco que sai neste domingo (13).

José Adenir, 52 anos, aposentado, mora em Recife há 6 meses. Ele é de São Paulo e escolheu a cidade pensando na qualidade de vida e no aconchego do povo pernambucano. Esse é seu primeiro carnaval embalado pelos ritmos do frevo e maracatu. "É uma festa bem diferente, bem cultural, o povo mantém bem a cultura do estado, coisa que não se vê em alguns outros cantos do país", elogia ele. Desde sábado, ele brinca com a família em Olinda de dia e, à noite, segue para o Recife Antigo.

Sílvia Lima, 32 anos, psicóloga, chegou em Olinda em 2006, atraída por uma proposta de trabalho. Em 2011, recebeu 15 amigos de Minas Gerais, de crianças a idosos. Segundo ela, o que há de melhor no Carnaval do estado é a alegria do poco. Alerta, no entanto, para o problema da segurança nas ruas. "Tenho muitos planos para o ano, pretendo lutar para mudar a consciência da humanidade para uma vida mais saudável e com paz nas ruas", conta ela.

Os veteranos também se destacam na multidão. Entre os senhores dispostos que enfrentaram o calor para curtir os últimos momentos do reinado de Momo, estava Moacir Lucena, 73 anos, aposentado. "Por favor, anota aí no seu caderninho: Olinda é linda! Pode escrever!", pediu ele, espontaneamente. Ele mora em Recife desde que nasceu, mas sai em vários blocos no Sítio Histórico. "Vou do Homem da Meia-noite ao Bacalhau", conta, animado.

Fonte JC Oline