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Reforma política: senadora quer lista com alternância de gênero

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que faz parte da Comissão de Reforma Política no Senado, defende a proposta de lista fechada com alternância de nomes de homens e mulheres como um dos meios de acabar com a sub-representação feminina no Parlamento. Ela disse, em entrevista a TV Senado, que “chega a ser vergonhoso para o nosso país, as mulheres terem participação insignificante no Parlamento.” E anuncia; “Nós vamos querer debater muito isso.”

Reforma política: senadora quer lista com alternância de gênero - Ag. Senado

Ela admite que a luta das mulheres, mesmo com todos os avanços, não é fácil. E exemplifica com o caso da formação da Comissão de Reforma Política. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), não indicou nenhuma mulher para a comissão. Foi preciso as senadoras irem reclamar o reparo.

“Ele reparou a situação nomeando três mulheres – uma do PSDB, uma do PT e eu do PCdoB, agora somos bem representadas na reforma política”, contou.

Em meio as comemorações do Dia Internacional da Mulher, a senadora comunista lembra que “a nossa presença no parlamento, no mundo mais coletivo, se dá em decorrência dessa luta que travamos nos últimos anos. Nosso direito de voto veio em 1932, de lá para cá evoluímos, conquistamos espaços importantes”, avalia, lembrando que em um passado recente as mulheres não podiam ingressar na universidade e hoje têm um nível de escolaridade superior ao dos homens.

“Não significa que não temos barreiras, ainda temos um longo caminho a percorrer. De 81 senadores, 12 são mulheres, que representa 14%; na Câmara, dos 513 parlamentares, 45 são mulheres, um percentual de 8% e a média nacional é de 10%”, destaca.

Lista com alternância

Ela acredita que a representação política é um dos temas mais inflamados na discussão da reforma política. O Brasil é diferente de outros países, onde predomina a valorização do partido político e ampliou a participação feminina com a lista com alternância de gênero, diz, citando os exemplos dos vizinhos Argentina, Uruguai e México.

“O ideal para gente é lista com alternância – um mulher e um homem – de candidatos”, diz, admitindo que a luta é difícil. Na grande parte dos países citados por ela, a lista é praticada com alternância de dois homens e uma mulher.

Para Vanessa, a legislação brasileira é boa porque perante a lei a discriminação de gênero é crime, mas isso não quer dizer que a luta está acabada. Ela assegura que o problema maior é cultural. “O cotidiano prova que existe machismo, é preciso reconhecer a realidade para mudar e melhorar. Fazermos parte do mercado de trabalho, mas somos sobrecarregadas com as atividades domésticas, por isso não conseguimos participar das atividades públicas”, explica.

Interesse dos grandes

Além da lista fechada, a senadora também defende o sistema proporcional em oposição ao sistema majoritário. Ela explica que o sistema proporcional leva em consideração a somatória dos votos do candidato e do partido e/ou coligação. O majoritário reconhece somente os votos no candidato.

Para ela, a votação majoritária não fortalece partido e explica porquê o voto majoritário aparecer com força no debate. “Porque é defendido por grande partidos como o PMDB”, diz, acrescentando que “eu sou contrária a essa proposta porque a representação no parlamento não é majoritário, é proporcional.”

O estado do Amazonas, a qual representa, tem direito a oito deputados, enquanto São Paulo elege 70. A composição da Câmara dos Deputados é proporcional, destaca, alertando para o risco da votação majoritária transformar o parlamento em casa de celebridades.

“O importante não é a pessoa, mas o conjunto de ideias que essa pessoa representa”, conclui, enfatizando a defesa das propostas que fortalecem os partidos políticos e afastam o personalismo da disputa eleitoral.

De Brasília
Márcia Xavier