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Evento em SP homenageia Aurélio Peres e debate lutas históricas

O ex-deputado federal Aurélio Peres (PCdoB-SP) fará uma exposição na Câmara Municipal de São Paulo, no sábado (19), sobre a luta dos movimentos sociais e seu entrelaçamento com a frente institucional na década de 70/80. Ele também será homenageado, por sua contribuição e trajetória como líder sindical, comunista e parlamentar.

Aurélio Peres

A atividade será realizada pelo vereador Jamil Murad (PCdoB) e por amigos do ex-deputado, como Maria Saraiva e Antônio Pedro, secretário de Movimentos Sociais do Comitê Municipal do PCdoB de São Paulo. O evento está marcado para as 14 horas.

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Eleito para a Câmara Federal em 1978 — três anos depois de ser preso e torturado no DOI-Codi —, Aurélio era operário ferramenteiro e pequeno agricultor no interior de São Paulo. Foi membro da coordenação do Movimento contra o Custo de Vida, que mais tarde se converteu no Movimento contra a Carestia.

Em meio à ditadura militar (1964-1985), o objetivo da iniciativa era melhorar as condições de vida do povo brasileiro, promover o acesso a itens básicos e congelar os preços dos alimentos numa época que a inflação chegava perto de 40%. Com a participação de donas-de-casa que se organizavam em torno dos Clubes de Mães, o movimento logo ganhou apoio de estudantes, intelectuais e trabalhadores.

A ação tinha como ferramenta central um manifesto e um abaixo-assinado, que chegou ter mais de 1,3 milhão de assinaturas e foi entregue ao governo do general-presidente João Batista Figueiredo (1974-1979). Integrante da oposição do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Aurélio foi preso após fazer a leitura do manifesto numa assembleia da entidade. Com o apoio do então cardeal arcebispo de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns, o líder sindical saiu da prisão.

Logo depois, já integrado ao clandestino PCdoB, Aurélio se candidatou a deputado federal pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que abrigava as legendas comunistas. Aos 39 anos e sem nenhuma experiência parlamentar, teve um desempenho eleitoral expressivo — 47 mil votos — e elegeu-se para a Câmara.

Em Brasília, Aurélio fez de seu mandato um instrumento dos movimentos sociais. Dava total apoio a sindicatos, entidades estudantis e, principalmente, à luta para libertação dos presos políticos. Em 2010, ao receber homenagem da bancada do PCdoB no Congresso Nacional, Aurélio, emocionado, declarou que foi um tempo difícil por não ter experiência institucional.

“Foi muito dolorido. O que eu sabia de bancada era a bancada de fazer ferramenta. Eu era um operário, mas fui até o fim porque amei e sempre amarei esse partido”, disse o ex- deputado federal. Em 1982, Aurélio foi reeleito para o cargo com 61.200 votos.

Para Jamil, Aurélio é uma referência para os comunistas por ter dado grande exemplo de atuação parlamentar ligada aos movimentos sociais. "Ele foi um desbravador desse caminho em que atuamos hoje, onde uma trincheira só não nos basta. Temos de encontrar os liames da luta institucional, social e de ideias, pois o nosso rumo é a revolução, é o socialismo.”

Da Redação, com informações da assessoria do vereador Jamil Murad