BA: Vasconcelos destaca artesanato na geração de renda

À frente da Secretaria Estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte – Setre desde 2007, Nilton Vasconcelos acumula recordes na geração de empregos – os últimos dados apontam mais de 12,7 mil postos formais com carteira assinada, alçando a Bahia à liderança em todo Nordeste. Além da construção civil, serviços, comércio e agropecuária, o segmento artesanal vem ganhando destaque como atividade propulsora do desenvolvimento local.

Nesta entrevista, concedida durante o lançamento do livro “Artesanato Baiano – Saberes e Fazeres”, na quinta-feira (17/3), Vasconcelos enfatiza a importância do artesanato enquanto patrimônio cultural do estado e fonte de renda para os baianos que se dedicam ao ofício; também avalia a atuação do Instituto Mauá – órgão oficial de fomento ao setor no estado – e fala sobre as perspectivas de investimento para este ano. Confira na íntegra:

Instituto Mauá – Qual a importância do artesanato na política da Setre de geração de emprego e renda?

Nilton Vasconcelos – O artesanato é importante não apenas para a geração de emprego e renda – isso é indispensável -, mas, especialmente, para o resgate de tradições, de manifestações culturais e, com base nelas, essa oportunidade de ocupação para muitos trabalhadores. Nós temos uma gama muito variada de manifestações e é isso que nos preocupa; de saber dar a importância devida a cada um desses setores e evitar que o artesanato se descaracteriza. Portanto, se interessa-nos garantir mais ocupação e mais renda, não pode ser de forma gratuita, com esse nome de artesanato. Claro, pode ter muitas outras formas de se ganhar o pão de cada dia, mas a produção artesanal – por isso que faço questão de enfatizar – tem essa importância do resgate e da articulação com a nossa cultura.

IM – Como o senhor avalia a atuação do Mauá, enquanto órgão oficial de fomento ao artesanato, ao longo dos últimos quatro anos?

NV – O Mauá tem promovido uma mudança substancial. Acho que a participação dos artesãos, em todo o processo, denota a importância que a instituição dá em desenvolver o artesanato com a participação ativa deles. Nós já tivemos três encontros estaduais de artesãos, onde foram discutidas as políticas e identificadas as principais demandas, e a própria participação deles na organização de eventos importantes, como é o caso das feiras que se realizam no período do verão em Salvador, tem sido importante. Hoje nós temos um evento significativo, com a presença do nosso Governador, que é o lançamento desse livro (Artesanato Baiano – Saberes e Fazeres), que é uma forma de darmos uma dimensão nova, mais avançada e de maior repercussão à produção que aqui se faz, no caminho de termos uma marca do artesanato baiano muito característica. Eu lamento é que o principal espaço destinado à comercialização da produção artesanal na Bahia, pelo menos entendida como tal, que é o Mercado Modelo, na imensa maioria dos seus boxes, não comercializa produtos genuinamente baianos. Isso é algo que precisamos modificar, porque acaba comprometendo a imagem do artesanato na Bahia.

IM – E qual seria essa marca do artesanato baiano?

NV – Essa marca é o registro das nossas tradições; é ter um artesanato que seja reconhecido por aqueles que há mais tempo estudam essa produção, que seja bem descrito, bem classificado e identificado como uma produção legítima do nosso Estado. A marca é essa, não é outra, visto que, se nós formos considerar a característica da produção, ela é muita diversa, são muitas as tipologias: o barro, que é muito importante, as fibras vegetais, o metal, a madeira. Então, com todos esses materiais se fazem bons artesanatos e que tem a cara da Bahia. É isso que nós precisamos registrar, certificar; e boa parte dessa produção já é identificada como tal. Ao falar em marca, significa que nós precisamos difundir, também do ponto de vista da publicidade, esta idéia que já existe e, se não completamente delineada, mas com todo o fundamental já definido. É com isso que queremos avançar, valorizando o artesão e o artesanato.

IM– Quais são as perspectivas de investimento da Secretaria, em 2011, para suprir as demandas do setor?

NV – Esse ano, nós começamos com uma restrição orçamentária forte, então não estamos, propriamente, fazendo grandes planos, senão garantir que continuemos a fazer uma pesquisa de novas manifestações culturais e artesanais no estado com apoio à organização dos artesãos em torno dessa produção e, talvez, aumentarmos o número de feiras e oportunidades de comercialização. Há planos que o Mauá vem alimentando há algum tempo, entre eles o Mercado Vivo, que é um novo espaço para a produção e a comercialização, dando mais uma oportunidade aos artesãos, mas, no momento, nós não estamos em condição de pôr esse plano no caminho.

IM– Mas há alguma estimativa de orçamento direcionado especificamente para o segmento artesanal?

NV – Não. O Mauá tem elevado o seu orçamento ao longo dos últimos anos; de 2007 pra cá, esse valor praticamente dobrou e isso é muito positivo. O Instituto tem atuado, inclusive, na área especifica de indução de ocupação e renda com as Incubadoras de cooperativas e associações produtivas, tanto com indígenas quanto quilombolas, e isso é um campo novo. Há também espaço para continuar fazendo o cadastramento, o registro dos artesãos e da sua produção, a participação nas feiras e eventos internacionais. Então, a demanda é muito grande, mas a simples ampliação vegetativa e natural da atuação do Mauá, nos termos atuais, já demandaria um incremento no seu orçamento; e isso é algo que a gente tem sempre que estar dosando. Acho que dobrar o orçamento em quatro anos é importante, mas é preciso pensar, agora, em qualificar cada vez mais esse gasto.

Fonte: Ascom/Instituto Mauá