UE cria novo fundo de estabilidade com 700 bilhões de euros
Os ministros das Finanças da União Europeia chegaram a um acordo terça-feira (22), em Bruxelas, para a criação de um fundo de resgate com 700 bilhões de euros para países da zona do euro em sérias dificuldades financeiras.
Publicado 23/03/2011 18:09
O plano prevê que os participantes do futuro Mecanismo Europeu de Estabilidade disponibilizem um capital inicial de 80 bilhões de euros, enquanto outros 620 bilhões de euros seriam “capital disponível”, explicaram o comissário europeu de Assuntos Econômicos e Monetários, Olli Rehn, e o primeiro-ministro de Luxemburgo e presidente do grupo do euro, Jean-Claude Juncker.
Cúpula
O Mecanismo Europeu de Estabilidade deve entrar em vigor em 2013, quando se expira o atual Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, dotado com 750 bilhões de euros.
O novo fundo terá uma capacidade de empréstimo de 500 bilhões de euros. “Para que possamos efetivamente emprestar 500 bilhões de euros, precisamos de um capital de 700 bilhões de euros”, explicou Rehn.
O texto final do acordo deve ser aprovado pelos chefes de Estado e de governo da União Europeia em sua cúpula em Bruxelas nesta quinta-feira. O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, disse que, como maior economia do bloco, a Alemanha será responsável por 27,1% do capital do fundo, o que representam 21,7 bilhões de euros em capital de base e 168,3 bilhões de garantias, ou capital disponível.
Portugal vota plano
O encontro teve como pano de fundo as especulações que permanecem ligando a possibilidade de Portugal ser o terceiro país da zona do Europa a solicitar ajuda do fundo, após Grécia e Irlanda, no ano passado. Apesar do alto custo de sua dívida, Portugal tem conseguido evitar pedir ajuda aos vizinhos.
A bem da verdade, é uma falsa ajuda. Todo o dinheiro empenhado no resgate das economias endividadas da União Europeia tem o único objetivo de garantir o pagamento dos débitos, ou seja, assegurar os lucros dos banqueiros, principalmente alemães e franceses.
Nesta quarta-feira (23), o governo “socialista” minoritário do primeiro-ministro José Sócrates deverá submeter seu pacote de austeridade ao Parlamento português, e tem grandes chances de ser rechaçado pela oposição.
Pacote indigesto
Na análise do ministro português de Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, isso seria um erro. “Seria dar um grande empurrão para Portugal cair nos braços da ajuda externa”, afirmou o ministro à agência alemã de notícias DPA.
Com efeito, a temível “ajuda externa” tem nome: Fundo Monetário Internacional, o famoso e polêmico FMI, cuja receita já é conhecida por aqui. Custou ao Brasil pelo menos duas décadas perdidas em termos de desenvolvimento.
O problema do governo liderado pelo Partido Socialista, que desmantelou as conquistas da revolução dos cravos em Portugal, é que o programa de austeridade proposto não parece menos perverso que a ditadura do FMI: reduz direitos, arrocha salários, estimula a recessão e aumenta o desemprego. Por esta razão, o indigesto pacote econômico proposto por José Sócrates é repudiado pelo Partido Comunista Português (PCP) e pela classe trabalhadora lusitana.
Com agências