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BNDES triplica com Lula, muda de perfil e mira o desenvolvimento

Quase três vezes maior que em 2002, o BNDES chegou ao fim da Era Lula com um perfil completamente diferente – e muito mais avançado – do que tinha durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Seu balanço de 2010, divulgado nesta semana, confirma que, se o apoio à privatização foi a marca do banco na gestão tucana, no governo Lula o BNDES retomou seu foco de agente de fomento.

Mudou também o perfil dos segmentos atendidos. Se antes o grande "cliente" do BNDES eram as montadoras de automóveis, nos últimos oito anos empresas do setor de alimentos e de química e petroquímica ganham espaço. A Petrobras dominou, com folga, as liberações em 2009 e 2010: foram mais de R$ 50 bilhões. JBS/Friboi, Braskem, AmBev, Vale e as empresas de Eike Batista também foram marcantemente beneficiadas

Essa atuação gera críticas de alguns economistas, que veem o banco "escolhendo" grandes grupos que ganham com os juros subsidiados do crédito do BNDES. Outros, porém, veem como positiva a maior presença do banco e sustentam que o BNDES deu mais fôlego para a economia brasileira crescer.

O crescimento das operações foi vigoroso. Em valores atualizados pela inflação (IPCA), o BNDES liberou R$ 709,2 bilhões nos últimos oito anos. No ano passado, foram R$ 168,4 bilhões, quase três vezes os R$ 59,86 bilhões de 2002. Dados divulgados nesta quinta-feira pelo banco mostram que os desembolsos dos dois primeiros meses de 2011 chegaram a R$ 17,2 bilhões – 7% a mais que no mesmo período de 2010.

O lucro também avançou. Se em 2002 ele era contado em centenas de milhões de reais (R$ 880 milhões), em 2010 ele quase alcançou R$ 10 bilhões. “O BNDES auxiliou na redução do spread bancário brasileiro (diferença entre juros cobrados e os pagos pelos bancos) e começou a atuar de forma estruturada em project finance (financiamento especial em que a garantia do empréstimo são as receitas futuras)”, diz o ex-presidente da instituição Demian Fiocca.

Segundo ele, “houve uma ampliação de investimentos que permitiram ao país crescer mais. Antes, os economistas diziam que o crescimento potencial do Brasil era de 3%, 3,5% ao ano. Agora há a previsão de crescer na casa dos 5% ao ano e ninguém se assusta.”

Já Carlos Lessa, primeiro presidente da instituição na Era Lula, afirma que não apoiaria os financiamentos do banco para que empresas brasileiras comprem ativos no exterior. Mas ele acredita que o banco melhorou nos últimos anos. Segundo Lessa, antes de Lula assumir o governo, o BNDES estava caminhando para se transformar de um banco de fomento em um banco de investimento.

O BNDES de Dilma Rousseff deve manter o direcionamento de recursos, mas seu tamanho, aos poucos, tende a diminuir. O presidente Luciano Coutinho tem afirmado que o momento do BNDES não é de emprestar mais – mas de emprestar melhor. Segundo ele, a atuação anticíclica do banco, fundamental para manter investimentos durante a crise de 2008/2009, já não é necessária.

Da Redação, com informações de O Globo