Alagamentos intransitáveis na marginal triplicaram em janeiro
Ocorrências deste janeiro representam 41,33% das registradas em 2010
Publicado 28/03/2011 10:45 | Editado 04/03/2020 17:17
O número de vezes que os motoristas sofreram com pontos de alagamentos intransitáveis na marginal Tietê durante as chuvas de janeiro deste ano foi três vezes maior que o registrado no mesmo período de 2010. Foram 13 ocorrências nos 31 primeiros dias de 2011 contra quatro no mesmo mês do ano passado. A maior parte dos problemas ocorreu na pista expressa da via.
O levantamento foi feito pela reportagem do site R7 com base nos dados do Alagamentos SP, que agrupa de forma didática informações do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), órgão ligado à prefeitura de São Paulo, de 2004 a 2011.
A análise dos dados também levou à conclusão de que, em janeiro de 2011, o número de alagamentos em 23 pontos da cidade foi superior ao registrado durante todo o ano de 2010. No primeiro mês deste ano, a cidade também registrou 50 novos pontos de alagamentos que nunca tinham inundado antes. Ao mesmo tempo, mais ou menos o mesmo número de ruas que estavam na lista do ano passado ainda não registraram ocorrências.
Calha do Tietê
Para o especialista em engenharia sanitária e membro do IE (Instituto de Engenharia), Júlio Cerqueira César Neto, o crescente número de alagamentos na capital paulista é consequência da falta de investimentos em obras de drenagem, como aumento de galerias e canalização de córregos. No caso específico da marginal Tietê, César Neto afirma que a obra de rebaixamento da calha do Tietê, finalizada em 2006 pelo governo estadual, já estava ultrapassada antes da inauguração.
"Em 1998, as vazões que estavam ocorrendo [no rio Tietê] já eram 25 vezes superiores à capacidade da obra da calha que estava sendo construída." Ele conta que, para compensar a capacidade limitada da obra da calha do Tietê, já naquela época, o governo criou projeto para construir mais de 130 piscinões na cidade. Porém, mais de dez anos depois, apenas 44 deles saíram do papel. "Se as obras de drenagem não começarem a ser feitas imediatamente, a cada ano, teremos mais pontos de alagamento na cidade."
Já o engenheiro do CGE Hassan Barakat afirma que o aumento de pontos que alagam na cidade não é culpa da falta de sistemas de drenagem. Na visão dele, a impermeabilização da cidade, que é quase toda asfaltada, e o volume de chuvas registrados nos dois últimos meses de janeiro (de 2010 e de 2011) são fatores importantes para que a água "tome as ruas". "A cada ano que se passa, a cidade tem mais prédios e o volume de água direcionado para o sistema de drenagem aumenta."
Outro fator agravante para o crescimento dos alagamentos, segundo Barakat, foi que o primeiro mês deste ano registrou um volume médio 412 mm de chuvas, acima da media histórica para o mês: de 239 mm. O engenheiro também diz que a forma como são feitos os registros de pontos de alagamentos pelo CGE mudou nos últimos anos. "Hoje, qualquer lâmina de água é contabilizada. E elas podem escoar rapidamente."
Para ele, o problema mesmo são os pontos intransitáveis, que causam ainda mais problemas no trânsito já complicado da capital paulista. De acordo com o Alagamentos SP, só em janeiro de 2011 foram 116 alagamentos intransitáveis, contra 221 no primeiro trimestre do ano passado.
Leia também: Serra e Alckmin se “esqueceram” de limpar o Rio Tietê por 3 anos
Da redação, com R7