Sem categoria

BC já defende barreiras contra derrame de dólares especulativos

O Banco Central defendeu neste domingo esforços para criar barreiras contra o capital estrangeiro, afirmando que uma enxurrada de dólares está pressionando a inflação e a estabilidade dos mercados financeiros.

“Estamos enfrentando agora uma grande enxurrada de liquidez internacional”, disse o diretor do BC Luiz Pereira da Silva, dirigindo-se a executivos de bancos em um fórum no Canadá. “Algo bom em excesso pode ser um problema.”

Conforme a economia mundial se recupera da recessão, o Brasil e outros países têm imposto novas barreiras para entrada de capital estrangeiro, que tem valorizado artificialmente o valor das moedas locais e prejudicado exportadores. Essas medidas contrariam a filosofia neoliberal e são criticadas por alguns economistas e formuladores de política monetária identificados com os interesses do capital financeiro.

O presidente do Banco do Canadá, Mark Carney, disse no sábado que as ações correm o risco de distorcer os mercados, mesmo reconhecendo que os controles de capital podem funcionar às vezes.

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, afirmou que “em alguns casos, controles de capital podem ser úteis”.

Pereira disse que o dinheiro que ingressa ao Brasil está acelerando a inflação já em alta, em parte por conta do “boom” global das commodities, que vem encarecendo os preços dos alimentos.

A derrama de dólares no mundo, conseqüente da política monetária expansionista dos EUA, é uma das principais causas da inflação mundial, centrada nas commodities. O dólar funciona como padrão dos preços das mercadorias que circulam no comércio exterior. Quando o seu valor relativo cai, o que ocorre hoje em função das emissões promovidas pelo Federal Reserve, os preços das mercadorias tende a subir para compensar a queda.

“As atuais e incomuns condições de liquidez estão afetando os mercados de crédito nos mercados emergentes. Os bancos centrais têm que prestar atenção a esses efeitos porque eles ameaçam a estabilidade financeira”, afirmou.

O diretor do BC disse que a inflação no Brasil deve subir temporariamente nos próximos meses, embora ele espere que os preços retornem a níveis consistentes com a meta, após o que ele chamou de “choque”.

Com agências