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Jean-Pierre Rosnay e o Clube da Poesia

Jean-Pierre Rosnay, nascido em 1926 na cidade de Lyon e falecido em 19 de dezembro de 2009 em Paris, foi um poeta e escritor francês do século 20. Engajando-se sem descanso no combate para tornar a poesia contagiosa e inevitável, seu nome se tornou indissociável do Clube dos Poetas e do ritual “Boa noite, amigos, boa noite!” com o qual começavam seus programas de poesia no rádio e na televisão.

Muito cedo perdeu sua mãe, tendo sido criado por um tio, professor da Escola Normal Superior, em cuja biblioteca logo se familiarizou com os autores essenciais da literatura francesa. Començou a escrever muito jovem.

A figura de Violette, sua mãe, não para de assombrá-lo para se tornar a santa e a musa, um rosto em movimento que vai continuar a acompanhar e a inspirar-lhe toda a sua vida.

Aos 16 anos se engaja na Resistência, onde trava conhecimento com Louis Aragon e Elsa Triolet. Vai preso, cai nas garras de Klaus Barbie e depois consegue fugir.

Depois da guerra, cria sua própria editora a fim de promover jovens poetas. Como ele próprio declarou, era preciso  tornar a poesia "contagiosa e inevitável”. Ele dedicará toda a sua vida a essa poesia. Encontra-se com Marcelle Moustaki, uma jovem grega, cuja família vivia no Egito e que estuda letras na Sorbonne. O “choque elétrico” é imediato e recíproco. Casam-se e têm quatro filhos.

Jean-Pierre Rosnay publica na editora Gallimard : O 13º Apóstolo ("Le Treizième Apôtre"), Como um Barco Vai ao Mar ("Comme un Bateau Prend La Mer"), As Diagonais (" Les Diagonales"), obras que foram na época saudadas pela crítica.

Em 1961, Jean-Pierre Rosnay cria em Paris o “Clube dos Poetas”, lugar frequentado pelos maiores (de Neruda a Aragon, passando por Saint-John Perse). Ainda hoje, nesse mesmo lugar as pessoas se encontram para recitar poemas e trocar ideias.

Jean-Pierre Rosnay animou numerosos programas de televisão (seu “Boa noite, amigos, boa noite” ficou na memória das pessoas) e de rádio durante mais de 18 anos, revelando poetas às vezes pouco conhecidos na época.

Durante longos anos ele deixou de publicar, dedicando-se à vida do Clube, com sua esposa Marcelle, editando jovens poetas e dirigindo a revista "Viver em Poesia ".

Ele cria igualmente uma rede de poesia por meios eletrônicos, o que permitia às pessoas que moravam longe de Paris se encontrarem virtualmente, para depois se conhecerem pessoalmente, o que lhes permitia sentirem-se menos isoladas.

Essa função de “aglutinador” era cara para Jean-Pierre Rosnay.

Em 1994, ele recomeça a publicar: Fragmento e relevo, Ab Immo Pectore (1995); Mulheres (1997), com desenhos de Robert Petit-Lorraine que já tinha ilustrado livros de Saint-John Perse.

A poesia é a "respiração" de Jean-Pierre Rosnay, que naquele momento cumpria sua dupla missão: promover os poetas e se dedicar à sua própria criação.

Uma tese de doutorado está sendo elaborada nos Estados Unidos sobre a sua obra. 

Leia abaixo a poesia Ordem do Dia, de Jean-Pierre Rosnay:

 

Ordem do Dia

…Manter a alma em estado de marcha,
Manter o contingente à distância,
Manter a alma sempre acima da refrega,
Manter Deus como uma ideia qualquer,
um apoio, uma eventualidade,
uma aldeia selvagem do universo poético,
Manter as promessas da infância,
Manter a luta contra a adversidade,
Não poupar o adversário,
Manter a palavra franca,
Manter a vela acesa para suas fraquezas,
Não se deixar levar pela corrente,
Ocupar seu lugar entre aqueles que estão
decididos a manter o homem
em posição estimável,
Não se deixar seduzir pelo fácil
sob o pretexto de que os piores
se elevam comodamente ao mais alto nível enquanto
os melhores dificilmente mantêm o caminho,
Ser digno do privilégio de ser
sob a mais elevada forma: o homem.
Ou melhor ainda, a mulher.
 

Da redação, com a colaboração de Selenia Granja

Tradução: Zé Reinaldo