Aprovar políticas públicas é o grande desafio do Cejuve Bahia

O jovem comunista Juremar Oliveira foi eleito presidente do Conselho Estadual da Juventude (Cejuve) da Bahia pela segunda vez. A posse nos novos conselheiros aconteceu na tarde desta quinta-feira (31/3), na Assembléia Legislativa, local estratégico para o grande desafio da nova gestão: a aprovação do Plano Estadual de Políticas para a Juventude. Nesta entrevista ao Vermelho, Juremar Oliveira fala do aprendizado acumulado pelo Cejuve e das metas para a nova gestão.

Cejuve BA

Vermelho – Juremar como você se sente assumindo pela segunda vez a Presidência do Cejuve, já que você foi o primeiro presidente do Conselho e ocupou a vice-presidência no último ano?

Juremar Oliveira – Eu sinto muita honra nisto, pois de certa forma, eu represento toda uma geração de jovens que lutou para que tivesse política para a juventude e que existisse algum tipo de controle social sobre as políticas implementadas pelo governo estadual. Então, assumir o Conselho neste segundo mandato, para mim é um grande orgulho, porque vou representar estas organizações e uma geração inteira de jovens.

V – Qual o maior aprendizado que você acumulou nestes primeiros dois anos de Cejuve?

JO – Em primeiro lugar, foi entender como funciona a máquina do Estado, quais são as principais preocupações da juventude e como o Estado tem atendido a isso. O segundo grande aprendizado, foi a capacidade de interlocução entre os diversos segmentos dos movimentos juvenis, entre as suas diversas visões diferentes. Estas são as principais coisas que aprendi e que vão ajudar na gestão do Conselho neste primeiro momento. 
V – Quais os primeiros desafios para este primeiro novo ano de gestão?

JO – A primeira gestão cumpriu a questão do ineditismo de construir o Cejuve a partir de algo que não existia. Neste segundo momento, o Conselho vai ter que se consolidar, ter mais força, maior capacidade de articulação política e conseguir influenciar mais e melhor nas políticas públicas de juventude do governo estado. Então, o grande desafio do Conselho será alcançar um patamar superior da consolidação do próprio Conselho e da influência dele sobre as políticas do governo do estado e os programas que existem hoje no estado.

V – Como a sociedade civil pode contribuir para acelerar a construção de políticas públicas voltadas especificamente para os jovens baianos?

JO – A sociedade precisa se apoderar disso. Se o Conselho de Juventude tiver uma baixa presença da sociedade civil em algum momento, se os jovens, as entidades da sociedade civil não se apoderarem das discussões sobre política para juventude ele fica com um papel super limitado. O papel principal dele, de envolver a sociedade civil nas ações do governo, passa a ser reduzido. Portanto, a maior contribuição que a sociedade civil pode dar, é se apoderar do Conselho. Ou seja, debater, discutir e ajudar na construção da Conferência Estadual da Juventude, como sendo um palco político fundamental para avaliar o que o Conselho fez junto com o governo do estado e propor políticas públicas mais acertadas para a juventude baiana.

V – Qual a relevância que o Cejuve tem na efetivação das políticas pública para jovens criadas pelo governo do estado?

JO – O Cejuve passa a ter um papel decisivo, tanto para avaliar o que foi feito, sugerindo mudanças no que não está dando certo e valorizando as coisas boas que vem sendo feitas, quanto do ponto de vista do controle social. Como a sociedade civil inaugura uma nova metodologia de governo, na medida em que a nossa influência enquanto eleitor e sociedade civil organizada não seja de quatro em quatro anos, mas que durante o governo , o Conselho possa ser um instrumento capaz de influenciar, de decidir, de orientar, de disputar posições políticas que sejam mais de acordo com as necessidades da sociedade baiana, principalmente da juventude.

V – As entidades da sociedade civil que fazem parte da nova gestão do Cejuve conseguem representar todos os jovens baianos?

JO – Eu acho a composição atual do Conselho magnífica, pois renova parte da gestão anterior, que é importante para trazer gás novo para o Conselho, ao mesmo tempo em que mantém parte dos conselheiros antigos para que não se perca a experiência acumulada ao longo dos últimos dois anos. Garante um nível de pluralidade ainda melhor, pois estão presentes os quilombolas, que nós conseguimos consolidar na gestão passada, os índios, os negros, o movimento do campo, das mulheres, LGBT, os trabalhadores, as ONGs, as Fundações – mantêm ainda uma participação expressiva dentro do Conselho, uma nova forma de organização juvenil, que são as redes e fóruns se mantêm também nesta gestão. Portanto existe um leque bem amplo de participação no Conselho, com diversos segmentos e setores juvenis de baianos, com entidades de respeito, com influência na juventude, com capacidade de organização já reconhecida nos diversos setores da juventude baiana. Então eu acho que a composição do Conselho é maravilhosa por parte da sociedade civil, que mantém sua independência sua autonomia, projeta lideranças novas no Cejuve e na sociedade baiana como um todo, ao mesmo tempo em que garante um olhar bastante diversificado do Conselho Estadual da Juventude, melhorando bastante a sua atuação.

V – Quais os próximos passos do Cejuve?

JO – O Cejuve teve sua primeira reunião hoje e vai precisar de um tempo para amadurecer o seu planejamento. Mas nós já temos algumas atividades importantes agendadas. A primeira será nos dias 18 e 19 de abril, no Encontro Estadual de conselheiros e gestores municipais de juventude, já para engrenar a articulação entre o estado e os municípios. Entre as coisas principais tem também a 2ª Conferência Estadual da Juventude, que será realizada em setembro; a aprovação do Plano Estadual da Juventude que está na Assembléia Legislativa e seria a primeira lei no estado a tratar da questão da juventude. O plano prevê uma série de medidas que o governo tem que tomar nos próximos 12 anos. Temos também a missão de fortalecer o Conselho para que ele influencie mais e melhor nas políticas para a juventude do governo do estado.

De Salvador,
Eliane Costa