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Cresce a tensão na Costa do Marfim; TV estatal é tirada do ar

A principal cidade da Costa do Marfim, Abidjan, é palco de intensos combates entre forças leais ao presidente Laurent Gbagbo e simpatizantes de Alassane Ouattara, vencedor das eleições presidenciais de novembro, reconhecidas pela União Africana. Testemunhas relataram trocas de tiros intensas, na madrugada desta sexta-feira (1º), perto da residência de Gbagbo – que não é mais reconhecido como líder pela comunidade internacional.

Gbagbo se negou a entregar a Presidência após as eleições de novembro, alegando fraude na votação no norte do país, região controlada pelos rebeldes que apoiam Ouattara. A reação foi imediata. Segundo relatos locais, os simpatizantes de Ouattara já controlam cerca de 80% do território da Costa do Marfim e dizem ter tomado o controle da televisão estatal, que saiu do ar no fim da noite de quinta (31).

As forças leais ao líder eleito iniciaram uma nova ofensiva na última segunda-feira (28), sem encontrar fortes resistências por parte do Exército nacional. O governo estabelecido por Ouattara anunciou o fechamento das fronteiras do país por terra, água e ar até segundo aviso. Também foi decretado um toque de recolher entre 21 e 6 horas em Abidjan, até o domingo.

Um porta-voz do governo de Ouattara, Patrick Achi, disse que Gbagbo até agora pretende resistir. Segundo Achi, as forças leais a Ouattara tomaram o controle da TV estatal, RTI, mas um porta-voz de Gbagbo disse que ainda há confrontos no local. Gbagbo não é visto em público há várias semanas. Sua casa, em uma península no Lago Abidjan, é protegida por membros da guarda presidencial de elite.

Membros das forças de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no país e soldados franceses tomaram o controle do aeroporto internacional de Abidjan, após relatos de saques em várias partes da cidade. Nesta sexta-feira (1º), a União Africana (UA) pediu a Gbagbo que “ceda imediatamente o poder” a Ouattara, “a fim de encurtar o sofrimento dos marfinenses”.

No mesmo comunicado, o presidente da UA, Jean Ping, recorda a recusa de Gbagbo de aceitar as propostas do painel de cinco chefes de Estado escolhidos pela UA e que assumiram funções no dia 10 de março. Segundo Ping, a “rejeição de todas as outras iniciativas para uma saída da crise” não permite “encontrar rapidamente uma solução pacífica para a crise”.

Da Redação, com agências