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União Africana fracassa em mediação na Costa do Marfim

O mediador da União Africana (UA) Raila Odinga deixará, nesta quarta-feira (19), a Costa do Marfim, sem ter conseguido resolver a crise gerada pelas eleições presidenciais no país, cuja vitória é reivindicada pelo presidente em fim de mandato Laurent Gbagbo e por seu adversário, Alassane Ouattara.

"Apesar das amplas discussões com o senhor Laurent Gbagbo e o presidente eleito Alassane Ouattara, que avançaram tarde da noite adentro, eu lamento anunciar que a quebra do impasse que era necessária não foi atingida", disse Odinga a jornalistas no aeroporto, pouco antes de deixar o país.

"O tempo está se esgotando", acrescentou ele, ao se referir aos esforços para resolver o impasse entre os dois rivais que se declaram vitoriosos nas eleições, que ameaça levar uma nova guerra civil ao maior produtor de cacau do mundo.

Acentuando a pressão sobre a Costa do Marfim, um comunicado escrito, divulgado ao mesmo tempo que Odinga falava, fez um apelo para que os principais atores da crise evitem um cenário "que exigiria sanções punitivas adicionais nas áreas econômica e financeira, e possivelmente o uso da força".

Odinga disse que pediu a Ouattara – reconhecido por parte da comunidade internacional como o verdadeiro vencedor do pleito – que inclua aliados de Gbagbo em qualquer gabinete que vier a formar e que dê "garantias de blindagem" para a segurança futura do rival.

Crise pós-eleitoral

No dia 28 de novembro de 2010, a Costa do Marfim realizou o segundo turno das eleições presidenciais, cujo resultado permanece até agora indefinido. Os dois candidatos se consideram vencedores do pleito: o até então presidente, Laurent Gbagbo, e o líder oposicionista, Alassane Ouattara.

Internamente, a situação está dividida e reflete a antiga cisão por que o país passou na Guerra Civil de 2002: Gbagbo conta com o apoio da porção sul do país, enquanto Ouattara tem sua base no Norte. Externamente, porém, a ONU, a União Europeia, os Estados Unidos e a França firmaram a posição de que Gbagbo deve deixar o cargo.

Enquanto o dilema político não se resolve, a sociedade marfinense vive à beira do colapso: a ONU, que há vários anos ocupa o país, reportou casos de violência e teme um conflito de proporções graves. Centenas já morreram, e milhares fugiram para a Libéria, país vizinho. A União Africana, que mantém diálogo com os líderes, não descarta uma intervenção no país.

Com agências