Equador defende integração contra neocolonialismo
A intenção da União Europeia com os Tratados de Livre Comércio (TLC) que promove com alguns países sul-americanos é uma forma de neocolonialismo para salvação da crise econômica, afirmou o vice-chanceler equatoriano, Kintto Lucas.
Publicado 04/04/2011 12:41
Em entrevista para a agência Prensa Latina, Lucas analisou a invasão comercial de países desenvolvidos em subdesenvolvidos e estimou que o caminho certo é fortalecer a integração da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) e negociar no bloco.
“Acreditar que vamos assinar um TLC com a Europa para nos favorecer é cair na ingenuidade”, afirmou. O vice-chanceler explicou que essas novas formas de neocolonialismo são fomentadas mediante tratados comerciais e intervenções na Líbia.
“Aqui ninguém é inocente e a única forma de fazer oposição a tudo isso é seguir fortalecendo a integração da Unasul, a Aliança Bolivariana dos Povos da Nossa América (Alba) e a Comunidade dos Estados Latinoamericanos e Caribenhos (Celac). Segundo ele, este último trata-se de um projeto embrionário, mas que todos poderão apostar.
Junto ao fortalecimento político, outro tipo de consolidação se inicia na Unasul e o fato de o México poder entrar como Estado Associado junto a outros países interessados do Caribe também fortalece politicamente o bloco.
“É a Unasul que tem de negociar comercial e politicamente com outros blocos, não cada país individualmente e a integração é fundamental para nos manter como um bloco de poder em um mundo multipolar”, explicou o vice-chanceler.
Lucas comentou também que depois da ratificação do Tratado Constitutivo da Unasul, os próximos desafios serão consolidar seus Conselhos por áreas e integrar a América do Sul, projetada para toda a América Latina.
A Unasul se consolidou politicamente com as diferentes ações que realizou ao longo de 2010, entre elas a condenação à tentativa de golpe de Estado no Equador e a aproximação entre países que estavam distantes. “Foi uma atividade política fundamental”, ressaltou Lucas.
O vice-chanceler explicou que em relação à infraestrutura foi essencial que se ratificasse o Tratado, porque para trabalhar grandes projetos a nível de unificação era necessária essa condição.
Depois é necessário um fortalecimento da integração econômica, pontuou, já não vista como o livre comércio pelo livre comércio. Uma diferença entre a Unasul e os projetos anteriores foi o início pela união política e social, diferentemente do Mercosul e da Comunidade das Nações Andinas, que enfatizaram o livre comércio.
“Agora, temos que chegar a um comércio equitativo e nos juntar para negociar distintos acordos de comércio com a União Europeia ou outros blocos de países”, defendeu Lucas.
Cada país negociando individualmente é como se fosse o Tratado de Livre Comércio, consolidando uma posição econômica que fomenta o livre comércio e a visão neoliberal que se está combatendo.
Além disso, afirmou Lucas, vai contra a própria integração regional, porque quando cada um realiza acordos comerciais com um bloco como a União Europeia (UE) é ir contra a integração sul-americana.
Lucas lembrou ainda que é necessário consolidar uma área de comércio justo, o que aparece na Alba como Tratado de Comércio dos Povos (TCP). “Temos que impulsionar e, mesmo com todas as diferenças políticas que temos, fortalecer o comércio intrarregional e as negociações da Unasul com outros blocos”, disse.
Segundo ele, para o Equador faltou fortalecer o comércio com os países da região. “O intercâmbio com os Estados Unidos foi funcional, ou em partes com a União Europeia. Mas não se abriram novos mercados no mundo nem foi reforçado o comércio intrarregional”, lembrou.
“Como os países podem se fortalecer?”, perguntou Lucas para responder de imediato que o comércio fundamental é dentro da própria região, potencializando a capacidade de vender e comprar, as quais reforçam a soberania alimentar e a indústria nacional.
O vice-chanceler refletiu ainda sobre quando os países dependem de mercados de fora da região, como ocorreu com o Equador em relação aos Estados Unidos e a União Europeia.
“Assim ocorreu com os Estados Unidos e temos vivido praticamente pedindo dádivas e agora, condicionados pela UE, que com a crise interna e mundial, está desesperada para conseguir monopolizar novos mercados”, refletiu.
Fonte: Prensa Latina