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Contrariado, Garotinho tumultua audiência com Ministro do Esporte

Autor de uma tentativa frustrada da instalação de uma Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) para investigar o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, o deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) tentou tumultuar a audiência pública na Comissão de Turismo e Desporto, nesta terça-feira (5), quando se discutiu as ações do Ministério do Esporte para os próximos quatro anos.

Ele chegou no final da reunião, encheu o ministro Orlando Silva de perguntas, fez acusações ao PCdoB, partido ao qual Orlando é filiado, e interrompia as respostas do ministro. A situação aborreceu o presidente da Comissão, deputado Jonas Donizete (PSB-SP), que lembrou ao ministro que Garotinho nem era membro daquela Comissão, tentando encerrar a insistência do deputado.

Garotinho acusou o governo federal, o Ministério do Esporte e o PCdoB de favorecer Teixeira com isenções fiscais. O ministro manteve a calma, respondeu a todas as perguntas, apesar das interrupções de Garotinho, e até elogiou a gestão de Garotinho quando governador do Rio de Janeiro.

O elogio teve um “quê” de ironia, já que Garotinho responde a processo na Justiça por crimes de corrupção durante sua administração. Em 2010, a Justiça Federal do Rio condenou Garotinho, na época candidato a deputado federal pelo PR, a dois anos e meio de prisão por formação de quadrilha e uso da Polícia Civil para cometer crimes como corrupção e lavagem de bens.

Na época, o ex-governador foi também condenado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ) por abuso de poder econômico, mas obteve uma liminar do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o manteve na disputa. E foi alvo da lei da Ficha Limpa.

Orlando Silva lembrou a Garotinho que as isenções fiscais concedida à Fifa em relação aos fatos geradores decorrentes das atividades vinculadas à organização e realização da Copa foi aprovada pelo Congresso Nacional. Disse ainda que as exigências da Fifa são feitas a todos os países sedes e são atendidas.

Ganho maior

O ministro explicou ainda, apesar das constantes interrupções do deputado, que mais parecia um garotinho contrariado, que a desoneração fiscal das entidades terá um impacto menor do que os ganhos do país com o evento. E disse que o Brasil vai ganhar muito mais com o aquecimento da economia em função da realização da Copa 2014, destacando a vinda de cerca de 600 mil turistas do exterior.

Antes de Garotinho chegar à reunião, o ministro já tinha respondido a uma pergunta do deputado Silvio Costa (PTB-PE) sobre a proposta do ex-governador do Rio de instaurar uma CPI para investigar a CBF. O ministro disse que “CPI é um assunto da Casa” e negou a existência de dinheiro público na CBF: “não há um centavo de dinheiro público na CBF”.

Ainda antes da resposta do ministro à Garotinho, o líder do PCdoB na Câmara, deputado Osmar Júnior (PI), que tinha se inscrito para falar, respondeu ao deputado fluminense. Ele disse que o PCdoB é um partido onde se toma decisões coletivas e que foi decidido que “precisamos somar força para fazer um belo evento”.

Dizendo que a bancada do PCdoB confia no trabalho do ministro, Osmar Júnior também lembrou ao deputado Garotinho que “a isenção fiscal foi aprovada pelo Parlamento”, e quanto aos benefícios que a concessão tributária possa gerar para Ricardo Teixeira, deve ser tratada pela Fifa.

Garotinho acusou o PCdoB de ter mudado de opinião porque na CPI da Nike, conduzida pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), Ricardo Teixeira havia sido acusado de irregularidades na condução da CBF. E agora o PCdoB permitia que ele se favorecesse das medidas adotadas para a realização da Copa do Mundo.

De Brasília
Márcia Xavier