PMs suspeitos de executar jovem alegaram "legítima defesa"

Segundo boletim de ocorrência da época do crime, vítima estava em troca de tiros

Os policiais militares suspeitos de matar um jovem no cemitério de Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, alegaram “legítima defesa” no boletim de ocorrência registrado pela polícia logo após o crime, em março. Segundo os soldados Ailton Vital da Silva e Filipe Daniel da Silva, Dileone Lacerda de Aquino, de 27 anos, teria sido baleado durante uma troca de tiros com os policiais.

O caso veio à tona após a divulgação do áudio em que uma testemunha ligou para o telefone 190 do Copom (Centro de Operações da Polícia Militar) de São Paulo e narrou em tempo real a execução. A testemunha está sob proteção policial, desde o crime. Durante o telefonema, a mulher deu detalhes do que via. "Olha, eu estou no Cemitério das Palmeiras, em Ferraz de Vasconcelos, e a Polícia Militar acabou de entrar com uma viatura aqui dentro do cemitério, com uma pessoa dentro do carro, tirou essa pessoa do carro e deu um tiro. Eu estou aqui do lado da sepultura do meu pai."

Leia também: Mulher aciona 190 e narra execução policial em tempo real

A mãe de Aquino, Maria de Fátima Lacerda, disse que sempre desconfiou da versão dada inicialmente pela polícia. "Desconfiei porque foram muitas pessoas contando a mesma história e só a versão deles que era diferente."

Local de “desova”

Um morador da região do Cemitério das Palmeiras, em Ferraz de Vasconcelos, disse à reportagem da TV Record que a região é um local de “desova”. O homem, que não quis se identificar, afirmou que é comum ver carros parando na região e jogando corpos. A afirmação foi negada pelo dono do cemitério.

Na terça-feira (5), o Ministério Público de São Paulo pediu a prisão preventiva dos dois policiais. De acordo com o órgão, a denúncia contra eles foi oferecida à Justiça no último dia 21 de março. Os autos do processo, que tramita pela 2ª Vara Judicial de Ferraz de Vasconcelos, foram remetidos na terça-feira para a promotora de Justiça Mariana Aparício de Freitas, que pediu a prisão preventiva.

Os dois PMs foram denunciados pela Promotoria de Justiça do 4º Tribunal do Júri da capital paulista por homicídio duplamente qualificado (por motivo torpe e com recurso que dificultou a defesa da vítima). A dupla trabalhava na 4ª Companhia do 29º Batalhão. No final da terça, o governado Geraldo Alckmin afirmou que os dois PMs serão expulsos da corporação.

Da redação, com informações