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Tragédia em Realengo – O que nos resta?

O dia 7 de abril ficará marcado na história do Rio de Janeiro e do Brasil. Um jovem de 24 anos entrou na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, Zona Oeste da cidade, atirando em estudantes com idades entre 12 e 14 anos. Uma tragédia sem precedentes.

Testemunhas relataram um verdadeiro massacre. Wellington Menezes de Oliveira teria mirado contra a cabeça dos estudantes, com a clara intenção de matá-los. Alunos, professores e funcionários da escola acreditam que mais de cem disparos foram efetuados. Wellington, um ex-aluno do colégio, estava armado com dois revólveres e recarregou a arma durante a ação.

O ministro da Educação, José Haddad, considerou este um dia de luto para a educação brasileira. Com a voz embargada, a presidente Dilma Rousseff se disse chocada e consternada com o episódio e, com lágrimas nos olhos, pediu um minuto de silêncio pelos "brasileirinhos que foram retirados tão cedo de suas vidas e de seus futuros".

Segundo o vereador do PCdoB-Rio, Roberto Monteiro, “a tragédia nos alerta também para a discussão sobre a segurança nas escolas, pois o atirador entrou armado sem que fosse identificado, mas mesmo questões como essa ficam nubladas ao pensarmos nos pais que tem suas crianças mortas ou feridas”.

“O que nos resta, neste momento de perplexidade e dor, é tomar alguma atitude que, por menor que seja, tenha alguma utilidade. O Hemorio anunciou que precisa muito de doação de sangue para as vítimas que estão hospitalizadas” solicitou o parlamentar.

Dilma se emociona

A presidente Dilma Rousseff manifestou seu repúdio ao massacre. "Não era característica do país ocorrer esse tipo de crime, por isso eu considero que todos aqui, todos nós, homens e mulheres, aqui presentes, estamos unidos no repúdio àquele ato de violência, no repúdio a esse tipo de violência sobretudo com crianças indefesas", declarou Dilma, com a voz embargada, em um encontro com jovens empreendedores em Brasília.

Durante o evento, a presidente se emocionou e chorou por conta da tragédia no Rio de Janeiro.

Dilma disse ainda que "repudia" o ato de violência "contra crianças indefesas” e concluiu o discurso: “Encerro meu discurso homenageando crianças inocentes que perderam a vida e o futuro em Realengo”. Dilma cancelou o discurso que faria para a comemoração. O evento durou apenas 20 minutos.

“Acho que sim [irei ao velório]. Vou falar agora com o Eduardo Paes [prefeito do Rio de Janeiro]. Vou fazer todo o esforço para ir. Ele [Paes] não sabe o horário [do velório ] ainda”, afirmou, após receber mais tarde no Palácio do Planalto representantes do movimento Mulheres Atingidas por Barragens.

Em breve discurso, durante o evento, Dilma voltou a lamentar o massacre no Rio e afirmou que esta quinta é “um dia muito triste para todos os brasileiros e brasileiras". "Esse é um país que sempre teve uma relação de grande carinho cultural pelas crianças. É inadmissível violência em geral, mas a violência contra as crianças coloca todos nós em sensação de grande repúdio”, disse.

Morte no terceiro andar

Na manhã desta quinta-feira (7), um ex-aluno da escola localizada em Realengo, na Zona Oeste do Rio, entrou na instituição com duas pistolas e foi direto a uma sala de aula, no terceiro andar, onde fez os disparos.

Todas as vítimas foram socorridas por ambulâncias do Corpo de Bombeiros e levadas para o Hospital Estadual Albert Schweitzer. Segundo Sérgio Côrtes, três delas foram operadas e passam bem. Os casos mais graves foram transferidos para os hospitais Pedro Ernesto e Saracuruna, além do Hospital-Geral da Polícia Militar e para o Instituto de Traumatologia. A lista com o nome das vítimas ainda não foi divulgada.

O atirador, identificado como Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, se matou com um tiro na cabeça, depois de ter sido baleado na perna por um policial.

“Cheguei ao hospital 30 a 40 minutos depois que as vítimas começaram a chegar e já encontrei a equipe mobilizada para atender as crianças. Também vi que muitos voluntários estavam ligando para oferecer ajuda. Estamos com todos os hospitais, seja do estado, do município e federal mobilizados”, disse Côrtes.

Neste momento, familiares se aglomeram na porta do hospital em busca de informações. É o caso do pedreiro Nilson Rocha, de 56 anos. A filha dele, de 13 anos, foi baleada na barriga, mas passa bem.

“Consegui falar com minha filha e ela disse que estava tudo bem. Eu estava em casa quando soube da notícia e parti para a escola. Lá disseram que minha filha estava ferida e que foi levada para o Albert [Hospital Albert Schweitzer]. Graças a Deus ela está bem.”

Também na porta do hospital, em busca de notícias de uma colega, Pamela Cristina, de 13 anos, aluna da Escola Tasso da Silveira, contou que, ao ouvirem os tiros, os professores levaram os alunos para o auditório, no último andar do prédio. “Lá, eles trancaram a porta com cadeiras e com armários, e foi uma gritaria só”, contou.

Hemorio pede doações de sangue

O Hemorio e o Hospital Albert Schweitzer pedem que as pessoas doem sangue para ajudar as vítimas da tragédia da escola Tasso Silveira. O Hemorio fica na Rua Frei Caneca, 8 e funciona das 7h às 18h.

A falta de doadores já havia prejudicado o estoque do banco de sangue da instituição. Com o episódio de hoje, todas as bolsas de sangue disponíveis foram enviadas para o Hospital Albert Schweitzer, onde as crianças foram levadas pelos bombeiros.

Para ser doador é necessário estar com um documento oficial de identidade com foto, ter entre 18 e 65 anos, pesar mais de 50 quilos e estar bem de saúde. Quem precisar de mais informações sobre doações, pode ligar para o Disque-Sangue: 0800-282-0708.

Atirador se matou, diz policial

Um policial militar que dava apoio a uma fiscalização do Departamento de Transportes Rodoviários (Detro), em Realengo, na Zona Oeste do Rio, foi quem rendeu Wellington.

Segundo informou o Detro, equipes do órgão atuavam na Rua Piraquara, perto da escola, quando uma criança se aproximou com o rosto baleado e avisou que havia um homem atirando dentro da colégio. Os PMs do Batalhão de Polícia Rodoviária foram imediatamente para o local.

Lá, encontraram as crianças trancadas nas salas de aula e Wellington subindo a escada em direção ao terceiro andar da escola. O policial atirou na perna do criminoso e pediu que ele largasse a arma. O atirador caiu no chão e se matou com um tiro na cabeça, ao ser rendido.

Ministros acompanham desdobramentos

Os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Educação, Fernando Haddad, vão coordenar pessoalmente as ações e as providências tomadas em relação ao crime em Realengo.

A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, que cumpre agenda em Belo Horizonte (MG), decidiu que também vai acompanhar os desdobramentos do caso pessoalmente.

Ao ser informado sobre a tragédia na escola municipal, Cardozo telefonou para o governador do Rio, Sergio Cabral, e ao prefeito da capital, Eduardo Paes. Nas conversas, o ministro se colocou à disposição do governo estadual e da prefeitura. Em João Pessoa (PB), onde participa de uma solenidade, Cardozo pediu um minuto de silêncio em solidariedade às vítimas da tragédia no Rio.

Em nota, Haddad lamentou o ocorrido e disse que hoje é dia de luto para a educação brasileira. “Hoje é um dia de luto para a educação brasileira; uma tragédia sem precedentes”, afirmou Haddad, ao chegar a Porto Alegre, nesta manhã. O ministro informou que toda a rede federal carioca está à disposição da prefeitura do Rio e das famílias das vítimas.

Da redação