Após terremoto, economia do Japão está sob forte pressão negativa
O Banco Central do Japão reduziu suas estimativas sobre a economia do país por causa dos danos provocados pelo terremoto, pelo tsunami e pela crise nuclear. A reavaliação foi acompanhada do anúncio de um pacote de US$ 12 bilhões de crédito barato para empresas nas áreas atingidas.
Publicado 08/04/2011 10:59
"A economia do Japão está sob forte pressão para baixo, principalmente no setor produtivo, devido aos efeitos do desastre do terremoto", disse o banco nesta quinta-feira (7) por meio de comunicado.
O terremoto de 9 graus ocorrido no dia 11 desencadeou uma quebra nas cadeias de produção que tem levado a uma escassez de diversos itens — de autopeças a produtos alimentícios.
Na quinta, um segundo tremor, de 7,4 graus, foi registrado no nordeste do país. Avaliações iniciais davam conta que a usina nuclear de Fukushima Dai-Ishi, danificada pelo terremoto, não foi afetada desta vez.
O Banco Central já injetou o equivalente a US$ 937 bilhões no sistema financeiro para tentar estabilizar a economia pós-terremoto. Também na quinta, em outra tentativa de ajudar a economia a se recuperar, o banco manteve a taxa de juros em 0,1%.
Além da indústria, a agricultura também foi fortemente afetada. Segundo relatório do Rabobank International, a produção japonesa de produtos agropecuários, de suínos a vegetais, passará por uma acentuada redução, pondo a indústria alimentícia em uma situação "terrível".
A produção de carne bovina cairá até 9% e a de suína, 13%, de acordo com informe divulgado pelo banco. As carnes de aves e o arroz poderão ter declínio de até 11%. A produção de frutas, vegetais, leite, trigo e frutos do mar também terá declínio, segundo as previsões do banco.
O Japão importará mais produtos agrícolas, incluindo itens básicos, como arroz e leite, de acordo com o Rabobank. O recuo na produção japonesa terá pouco impacto no comércio mundial, afirmou o analista Jean-Yves Chow, do Rabobank, no estudo.
"A importações de arroz e leite em pó desnatado poderiam, em teoria, aumentar drasticamente — mas os níveis dos estoques atuarão como amortecedor", disse Chow.
Segundo ele, "produtos perecíveis — como carne, frutos de mar, frutas e vegetais — provavelmente precisarão de importações adicionais. Ainda assim, mesmo se o Japão tiver de absorver no mercado global essas perdas hipotéticas, o impacto no comércio mundial de commodities será, na verdade, mínimo."
O índice S&P GSCI, composto por 24 commodities, avançou 7,5% desde o fim de fevereiro, sustentado pelo aumento na demanda por matérias-primas, como as commodities usadas no processamento de alimentos.
Da Redação, com informações do Valor Econômico