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Disputa para direção municipal e nacional racha o PSDB

Às vésperas da convenção municipal, no domingo (10), o PSDB ainda não conseguiu chegar a um acordo sobre a eleição da executiva na cidade de São Paulo e caminha para disputa interna. A bancada de vereadores tucana está em pé de guerra com aliados do governador paulista, o tucano Geraldo Alckmin.

A crise se estende para a esfera nacional, em que a renovação do comando está marcada para o dia 28 de maio. Hoje, a tendência é reeleger o deputado Sérgio Guerra (PE). Mas aliados do ex-governador José Serra, na tentativa de recuperar espaço dentro do PSDB, querem propor um rodízio na presidência do partido.

O grupo liderado por Serra está inconformado e insiste em implantar a rotatividade na presidência: um ano, ficaria nas mãos de aliados do senador Aécio Neves (MG) e, no ano seguinte, com um representante dos serristas.

São Paulo

Na disputa municipal, a orientação é evitar um racha ainda maior — que possa respingar sobre as eleições municipais de 2012. Nesta quinta-feira (7), os secretários estaduais da Casa Civil, Sidney Beraldo, e do Desenvolvimento Metropolitano, Edson Aparecido, se reuniram com o presidente da Câmara Municipal, José Police Neto, e o líder do PSDB na Casa, vereador Floriano Pesaro.

Beraldo e Aparecido propuseram aos vereadores que desistissem da disputa e indicassem um nome para a vice-presidência do diretório. Em troca, a bancada teria de apoiar para o comando da sigla na cidade o nome do secretário estadual de Gestão Pública, Júlio Semeghini.

A proposta não só foi rechaçada como considerada um ato de desrespeito. "Precisamos de um presidente com dedicação integral ao partido. A bancada não faz questão que seja um vereador, mas alguém que nos represente. O Júlio não se encaixa nesse perfil desde que se reuniu conosco há alguns meses e prometeu nos apoiar. Três dias depois, lançou seu nome", justifica Floriano.

O impasse reacende feridas que ainda não foram cicatrizadas das eleições de 2008, quando 11 dos 12 vereadores tucanos apoiaram a reeleição do prefeito Gilberto Kassab, em detrimento da candidatura de Alckmin. Aliados do governador temem dar o comando da sigla para vereadores muito próximos do prefeito.

Além das mágoas, os vereadores apostam que, por trás da candidatura de Semeghini, está a intenção dos secretários, liderados pelo titular da Pasta de Energia, José Aníbal, de influir nos rumos do PSDB na eleição de 2012. "Não há o menor fundamento nisso”, diz Aníbal. “O Júlio deve ser o presidente do diretório porque representa uma maioria do PSDB, que precisa se reafirmar e não deve agir como linha auxiliar de ninguém.”

Serra corra contra o conselho

Disputa mesmo pode ocorrer na luta pelo comando nacional do tucanato. O grupo de Serra resolveu investir na proposta de rodízio depois das articulações fracassadas para colocá-lo no comando do conselho político do partido. A criação do conselho foi anunciada no fim da semana passada numa reunião dos oito governadores do PSDB, em Belo Horizonte.

Serra não gostou, porém, do formato idealizado, que deverá contar com 14 integrantes e ter no comando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Em conversas reservadas, o governador Geraldo Alckmin teria sugerido um rodízio na presidência do conselho. Mas, na reunião de sábado, Alckmin não apresentou nenhuma sugestão nesse sentido.

Pela proposta aprovada pelos oito governadores, o conselho será um "órgão de assessoramento" e não vai disputar espaço com a direção partidária. Insatisfeitos com esse formato, os serristas avaliam que o conselho "morreu", uma vez que a instância deverá ter efetivamente pouco poder de ação.

Preferência por Guerra

A ideia do conselho político tucano nasceu como uma tentativa de acordo para a reeleição de Guerra na presidência do PSDB. Guerra é um dos principais aliados de Aécio Neves, que tem pretensões de se lançar pré-candidato à Presidência, nas eleições de 2014. Serra também sonha em voltar a disputar a eleição presidencial.

No início do ano, Guerra foi bem-sucedido na articulação de um abaixo-assinado da bancada tucana na Câmara a favor de sua recondução à presidência do partido. O documento foi assinado por 54 deputados e suplentes do partido. Na época, aliados de Serra protestaram. O deputado Jutahy Magalhães (BA) acusou Guerra de "atitude indigna".

"A atitude do presidente Sérgio Guerra foi indigna e o desqualifica como presidente do partido. Ele passou a ideia de que havia um acordo desrespeitoso da cúpula", disse Jutahy, na ocasião. O senador Aloysio Nunes Ferreira (SP) foi outro que criticou Guerra, acusando-o de ter cometido "erro crasso".

Para aliados de Aécio e Guerra, o movimento do grupo de Serra é restrito a um pequeno grupo, a "duas ou três pessoas no máximo". Ambos estão confiantes de ter o aval dos oito governadores tucanos e da maioria das bancadas de deputados e senadores para manter Guerra à frente do partido. Na tentativa de pôr um ponto final nas disputas internas, Guerra tem se comprometido em conversas internas a não fazer campanha nos próximos dois anos nem para Aécio nem para Serra.

Da Redação, com agências