Médicos reivindicam melhor remuneração paga pelos planos de saúde

Cerca de 70% dos médicos do Rio de Janeiro – segundo o conselho da entidade – aderiram, no dia 7, à paralisação nacional dos médicos conveniados aos planos de saúde. Ao meio dia, cerca de 200 médicos participaram de uma manifestação, organizada pelo Cremerj e pelas sociedades de especialidade, no centro da cidade.

Os médicos protestaram contra atitudes antiéticas das operadoras, reivindicaram melhor remuneração para consultas e procedimentos e cobraram o reajuste anual dos honorários médicos.

"Todos os anos, os pacientes pagam reajustes às operadoras, mas estes valores não são repassados aos médicos. Segundo pesquisa divulgada recentemente pelo Datafolha, 80% dos clientes de planos de saúde estão satisfeitos com o serviço prestado pelos médicos. Por que a saúde suplementar não reconhece este fato e garante boa remuneração aos médicos?", criticou a presidente do Cremerj, Márcia Rosa de Araujo.

Segundo Márcia Rosa, as operadoras de planos de saúde exigem que o médico seja contratado como pessoa jurídica para liberar o credenciamento em suas redes, outros exigem que seja por RPA (Recibo de Pagamento a Autônomo). "Vamos denunciar estes abusos ao Ministério Público do Trabalho. Afinal, esta forma de pagamento com RPA pode ser considerada uma irregularidade", explica.

Para a presidente do Cremerj, a Agência Nacional de Saúde suplementar (ANS) precisa assumir também seu papel de regulação entre empresas e médicos.

"Atingimos nosso objetivo com o protesto de 7 de abril. O alerta foi dado às operadoras de planos de saúde e à sociedade com relação aos problemas percebidos pela categoria médica. De agora em diante, esperamos que seja feita uma negociação real pelas empresas para acabar com a defasagem dos honorários e a interferência na autonomia dos profissionais", avaliou o conselheiro do Cremerj e coordenador da Comissão Nacional de Saúde Suplementar, Aloísio Tibiriçá Miranda.

Em 30 dias os líderes do movimento de 7 de abril se reunirão para reavaliar o andamento das negociações com os representantes dos planos de saúde. Este trabalho será conduzido pelas entidades médicas em nível regional. Já está prevista a realização de uma audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir o tema e encontrar uma solução. Contudo, os parlamentares responsáveis pela solicitação não descartam o pedido de abertura de CPI para apurar supostas irregularidades na saúde suplementar.

No Senado, a paralisação dos Médicos chegou também ao Congresso Nacional. A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal promoveram audiência pública especial em torno das reivindicações dos médicos.

O coordenador do movimento, Aloísio Tibiriçá Miranda, que participou da audiência, propôs aos senadores a montagem de uma agenda comum, inclusive com visitas aos hospitais públicos para constatar a situação da oferta da assistência sob a ótica dos direitos humanos.

Informações do Conselho Nacional de Medicina