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Dilma e Hu Jintao fecham parcerias em 29 áreas

Em seu segundo dia da visita oficial à China, a presidente Dilma Rousseff foi recebida pelo presidente chinês, Hu Jintao, nesta terça-feira (12), no Grande Palácio do Povo, em Pequim. Mais cedo, a presidente participou de um seminário de negócios em ciência e tecnologia, que reuniu quase 300 empresas brasileiras e chinesas.

Conforme o comunicado conjunto assinado pelos dois presidentes, a conversa entre eles em Pequim tratou de 29 temas distintos – como parcerias comerciais e direitos humanos. Também estavam presentes o presidente do Comitê Permanente da Assembleia Popular Nacional da China, Wu Bangguo, e o primeiro-ministro do Conselho de Estado, Wen Jiabao. Em seguida, estava previsto um banquete oferecido pelo governo chinês a Dilma.

A visita já rendeu compromissos do governo chinês que atendem parte dos apelos dos empresários brasileiros. Hu Jintao promete abrir o mercado chinês aos produtos brasileiros, como carnes suína e bovina, além de aves, tabaco e frutas cítricas. Nos últimos dois anos, a China se tornou o principal destino das exportações brasileiras e o maior investidor no Brasil – postos que haviam sido ocupados nos últimos anos por Estados Unidos e Espanha. Os investimentos chineses estão centrados nas áreas de petróleo, tecnologia agrícola e produção de soja.

Até agora, as exportações do Brasil para a China consistem essencialmente em commodities agrícolas e matérias-primas, em particular soja, minério de ferro, petróleo e celulose. Mas Dilma considera o futuro comercial com a venda de aviões da Embraer (terceira construtora aeronáutica mundial) ou veículos, assim como nos campos da exploração de petróleo (através da Petrobras) e da agrobiotecnologia.

“Clima cordial e amistoso”

“[Os presidentes] coincidiram em estender a cooperação para novas áreas, com base nos princípios de respeito mútuo, igualdade e benefício recíproco”, diz o comunicado. “A parte chinesa manifestou disposição de incentivar suas empresas a ampliar a importação de produtos de maior valor agregado do Brasil. A parte brasileira reafirmou o compromisso de tratar de forma expedita a questão do reconhecimento da China como economia de mercado.”

Dilma e Hu Jintao “mantiveram reunião em clima cordial e amistoso”, além de considerarem “como positivos os resultados alcançados com a visita – cujo sucesso contribuirá para dar renovado impulso ao desenvolvimento da Parceria Estratégica Brasil-China”. Ao longo do dia, foram assinados acordos de cooperação nas áreas de política, defesa, ciência e tecnologia, recursos hídricos, turismo, esporte, educação, agricultura, energia elétrica, telecomunicações, aeronáutica, além de questões sociais.

De acordo com o documento, chineses e brasileiros consideram que houve avanços na cooperação econômico-comercial envolvendo os dois países, nos últimos anos. O texto lembra que, desde 2009, a China é o principal parceiro econômico do Brasil – com superávit para o lado brasileiro. A pauta comercial ganhou elementos como gelatina, milho, folha de tabaco dos estados da Bahia e Alagoas, embriões e sêmen de bovinos, frutas cítricas, do Brasil, e peras, maçãs e frutas cítricas, da China.

O texto confirma ainda a parceria para ação conjunta envolvendo a aviação executiva e regional, referindo-se às empresas de transporte aéreo da China e a fabricante brasileira Embraer. Depois de muitas discussões, a Embraer, finalmente, começará a produzir o jato executivo Legacy. Além disso, três frigoríficos brasileiros passarão a exportar carne suína para a China – maior mercado do mundo.

Combate à pobreza

Dilma e Hu Jintao também se comprometeram a desenvolver ações comuns para as “boas práticas” e a intensificar a cooperação na área social, em especial sobre políticas e programas de combate à pobreza. Também decidiram criar um grupo de trabalho para tratar de temas sociais. Já os ministérios da Saúde dos dois países devem reforçar a cooperação no setor e de examinar a conveniência de criar um mecanismo de cooperação sobre o tema.

De acordo com o comunicado conjunto, Dilma e Hu Jintao intensificarão os esforços para a execução de uma “economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza” e “o marco institucional para desenvolvimento sustentável”. Ambos os presidentes reiteraram o compromisso com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas, em especial aqueles relacionados ao desenvolvimento sustentável e à segurança alimentar e nutricional.

Dilma realiza uma viagem de seis dias pelo país. Hoje, na cerimônia de abertura do “Diálogo de Alto Nível Brasil–China em Ciência, Tecnologia e Inovação”, que ocorreu no Complexo Diaoyutai, em Pequim, ela afirmou que o Brasil deseja abrir um novo capítulo e “dar um salto de qualidade” em seus crescentes vínculos com a China. “Mais que parceiros comerciais, queremos ser parceiros em pesquisa, tecnologia, inovação e desenvolvimento de produtos com tecnologia verdadeiramente binacionais.”

De acordo com Dilma, “é certo que o Brasil é um dos grandes países produtores de alimento no mundo. É certo que não somos apenas produtores de recursos naturais. É bom que até agora o comércio seja petróleo, soja e minerais – mas não basta. O Brasil deseja somar valor agregado a suas exportações. Desejamos uma relação mais dinâmica, sofisticada e equilibrada.”

“'Nossas relações são sólidas e alcançamos, de certa forma, maturidade. No entanto, o Brasil, e tenho certeza também a China, vai inaugurar uma nova etapa nessas relações, um salto de qualidade num modelo de cooperação que tivemos até agora”, disse a presidente. “A transformação da agenda (exportadora) com produtos de maior valor agregado é o desafio para os próximos anos e um dos pilares para a sustentabilidade da expansão do comércio bilateral.”

No fim do discurso, a presidente afirmou que o futuro dos dois países é promissor e elogiou o valor dado pela China à Ciência e Tecnologia durante o 12º Plano Quinquenal. Sobre o Brasil, Dilma afirmou que o país “atravessa o melhor momento de sua história, uma economia pujante, um povo criativo e confiante e uma sociedade democrática. Fizemos, estamos fazendo e faremos todo possível para transformar o Brasil em uma sociedade desenvolvida e justa.”

Parcerias

A visita de Dilma começou com o anúncio de um possível acordo que pode evitar o fechamento da fábrica da Embraer em Harbin – um dos pontos mais polêmicos da relação entre os dois países. A fábrica corria o risco de ficar ociosa e fechar as portas em breve.

Na segunda-feira, o Ministério da Agricultura anunciou que a China autorizou três frigoríficos brasileiros a exportar carne de porco para o mercado chinês. Além disso, também foi anunciado que a empresa chinesa Huawei vai investir cerca de US$ 300 milhões na construção de um centro de pesquisa e desenvolvimento em Campinas, interior de São Paulo.

Da Redação, com agências