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Peru: primeiro turno acentua divisão política e social

Uma longa lista de candidatos derrotados deixou o primeiro turno das eleições presidenciais no Peru. Os resultados obtidos na disputa do último domingo (10) colocaram o candidato nacionalista de esquerda, Ollanta Humala, no segundo turno com a adversária, parlamentar de direita, Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori. Humala conquistou 28,69% dos votos, enquanto Keiko registrou 22,69%.

O Apra, partido mais antigo do Peru, conseguiu ultrapassar apenas 5% de votos como mínimo para manter seu registro legal, o que significará ter apenas entre quatro e seis cadeiras no Congresso de 130 membros.

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O veterano jornalista César Lévano qualificou os resultados que o partido do presidente Alan García obteve nas eleições do último domingo como uma catástrofe eleitoral.

O “aprismo” perdeu votos para os membros do Gana Peru, do candidato ganhador Ollanta Humala, em seus tradicionais bastiões nortistas de La Libertad, Lambayeque, Cajamarca e Ancash.

O desastre aprista, segundo Lévano, tem sido consequência direta da corrupção, do entreguismo e da repressão que o caracteriza, segundo afirma a administração de García.

O historiador e analista político Nelson Manrique estimou que o presidente Garcia tem “o mérito histórico” de ter destruído o velho partido, cujo atual colapso demanda uma reestruturação profunda.

Dois dias antes das eleições, a direção aprista anunciou seu apoio ao candidato peruano-norte americano Pedro Kuczynski, por dar garantias de continuidade ao modelo econômico neoliberal vigente. A decisão foi rechaçada por dirigentes e militantes da organização.

Kuczynski acabou deslocado para o terceiro lugar pela candidata Keiko Fujimori e teve a porcentagem de votos similar ao que lhe davam as pesquisas de intenção de voto.

Diversos analistas enfatizaram que a política triunfalista do governo também foi derrotada. No evidente desejo de frear o avanço de Humala, o governo proclamava que o país estava em boa situação e não havia motivo para o descontentamento social frente ao modelo econômico.

O escritor Mário Vargas Llosa, que no último mês de outubro afirmou que um final entre Humala e Fujimori obrigaria a cidadania a escolher entre duas opções ruins, recebeu críticas por ofender os eleitores de ambos os candidatos peruanos.

Vargas Llosa tomou partido pelo ex-presidente Alejandro Toledo, mas a divulgação de seu apoio a Toledo não o impede de decidir apoiar outro candidato. Nas vésperas das eleições, o novelista conservador disse que Kuczynski também seria um bom governante, mas este também foi derrotado.

A eliminação de Toledo e do ex-prefeito Luis Castañeda foi uma frustração para ambos, já que se consideravam os favoritos até algumas semanas, graças às pesquisas que os apontavam como protagonistas da corrida presidencial. Finalmente tiveram que se conformar com o quarto e quinto lugares. Os candidatos foram eliminados pelo eleitorado e pela falta de atrativos em suas propostas de continuidade e os ataques a Humala.

Fonte: Prensa Latina