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Com Mubarak preso, oposição cancela manifestação

A oposição egípcia cancelou nesta quarta-feira (13) as manifestações programadas para a próxima sexta-feira em todo o Egito, horas depois do anúncio da detenção do ex-presidente Hosni Mubarak e de dois de seus filhos.

As distintas forças políticas tinham convocado os egípcios para se reunir na próxima sexta-feira após a oração do meio-dia para exigir que o ex-governante egípcio e sua família fossem processados.

A convocação foi feita por uma coalizão de forças políticas, entre elas a Irmandade Muçulmana, principal grupo da oposição.

Em comunicado lido em entrevista coletiva no Cairo, os grupos opositores ressaltaram "o direito do povo egípcio de conseguir seus pedidos da revolução" assim como "o respeito do papel histórico do Exército e de sua promessa de garantir e proteger as exigências da revolução".

"Após a queda de Mubarak já não há nenhum impedimento para completar as outras reivindicações da revolução", assegurou Mohamed Al-Baltagi, membro da Irmandade Muçulmana.

Os presentes comemoraram a detenção do ex-presidente, que consideraram uma clara demonstração do triunfo da revolução.

Por sua vez, a Coalizão dos Jovens da Revolução anunciou nesta quarta-feira que suspendeu temporariamente as manifestações após sua principal reivindicação ter sido atendida, com o objetivo de dar tempo para o cumprimento das outras exigências do grupo.

Um membro da coalizão afirmou à Agência Efe que entre estes pedidos estão a reforma das administrações locais e da direção de todas as universidades, assim como a aceleração do processo judicial sobre os atos violentos ocorridos na praça Tahrir antes e depois da revolta popular que culminou na renúncia de Mubarak em 11 de fevereiro.

Alem disso, revelou que a coalizão à qual pertence exige ao governo egípcio que retire a candidatura de Mustafa al Fiki, antigo responsável do Partido Nacional Democrático (NDP), como novo secretário da Liga Árabe, depois que o atual secretário, o egípcio Amr Moussa, anunciou que não se apresentará para um novo mandato.

Ataque cardíaco

O ex-ditador do Egito foi internado em uma unidade de terapia intensiva de um hospital do balneário de Charm el-Sheikh depois de sofrer um ataque cardíaco durante um interrogatório, dois meses depois que deixou o poder após cinco semanas de protestos em massa no país pela fim do seu regime.

Mubarak, de 82 anos, foi transferido para a cidade de al-Tor para ser iterrogado sobre o uso de violência durante as manifestações de janeiro e fevereiro, assim como por acusações sobre a utilização de dinheiro público durante os 30 anos de seu regime.

Pelos mesmos fatos também começaram a ser interrogados na noite de terça para quarta (13) os filhos de Mubarak, Alaa e Gamal. No domingo (10), o ex-presidente rechaçou as acusações de malversação e se declarou "vítima de uma campanha difamatória".

Mubarak padeceu de diversos males nos últimos anos, fragilizando sua saúde. Em março de 2010 viajou até a Alemanha para extirpar a vesícula biliar e um pólipo no duodeno. A televisão estatal assinalou que o ex-presidente se recusou a comer e beber quando soube na manhã desta quarta-feira (13) que seria interrogado.

Com informações do Opera Mundi e La Jornada