Sem categoria

Saúde: brasileiro fuma menos, mas é sedentário e se alimenta mal

Uma pesquisa do Ministério da Saúde, divulgada nesta segunda-feira (18), em Brasília, mostra que o Brasil dá mais um passo na luta contra o tabagismo. Entre 2006 e 2010, a proporção de brasileiros fumantes caiu de 16,2% para 15,1%.

O percentual representa uma redução expressiva em relação ao índice de 1989, quando a Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou 34,8% de fumantes na população.

De acordo com o ministério, o avanço mais expressivo ocorre especialmente entre os homens, que em geral fumam mais do que as mulheres. Na população masculina, o hábito de fumar caiu de 20,2% para 17,9%, entre 2006 e 2010. Entre as mulheres, o índice continua estável em 12,7% no período.

Pessoas com menor escolaridade (0 a 8 anos de estudo) fumam mais (18,6%) em relação às pessoas mais escolarizadas (12 anos e mais), em que a taxa de fumantes é 10,2%.

Os dados fazem parte da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), que entrevistou 54.339 adultos, residentes nas 27 capitais. O Vigitel é realizado anualmente, desde 2006, pelo Ministério da Saúde, em parceria com o Núcleo de Pesquisa em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (NUPENS/USP).

Por outro lado, o levantamento aponta que aumentou o consumo excessivo de bebidas alcoólicas no país, passando de 16,2% para 18% da população, entre 2006 e 2010. Nas mulheres, a variação no período foi de 8,2% para 10,6%. Entre os homens, a proporção passou de 25,5% para 26,8%.

Tanto o hábito de fumar quanto o exagero na bebida são indicadores importantes no monitoramento dos fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis – como hipertensão arterial, diabetes e problemas cardíacos.

Em 2010, a Organização das Nações Unidas (ONU) recomendou que os países-membros incluam essas doenças entre os temas que serão discutidos em sua Assembleia Geral, prevista para setembro de 2011, em Nova York.

A pesquisa também apontou que quase metade da população adulta (48,1%) está acima do peso e 15% são obesos. Há cinco anos, a proporção era de 42,7% para excesso de peso e 11,4% para obesidade.

Se for considerada somente a população masculina, mais da metade dos homens está acima do peso (52,1%). Entre as mulheres, a proporção é de 44,3%, com aumento significativo nos dois sexos. Em 2006, a pesquisa apontava excesso de peso em 47,2% dos homens e em 38,5% das mulheres.

O Vigitel mostra que 14,2% dos adultos são sedentários, ou seja, pessoas que não fazem nenhuma atividade física no tempo livre, no deslocamento diário ou em atividades como a limpeza da casa e trabalho pesado. Outro indicador de sedentarismo é ver televisão por mais de três horas ao dia, hábito referido por 30,2% dos homens e 26,5% das mulheres.

Além disso, apenas 14,9% dos adultos são ativos no tempo livre, com maior proporção nos homens (18,6%) em relação às mulheres (11,7%). A OMS recomenda a prática de 30 minutos de atividade física, em cinco ou mais dias por semana.

“Por isso, o Ministério da Saúde têm priorizado ações educativas para promoção da saúde e da atividade física”, afirma Deborah Malta, coordenadora de Vigilância de Agravos e Doenças Não Transmissíveis, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.

Esta é a quinta edição da pesquisa, realizada anualmente, desde 2006, por meio de entrevistas telefônicas com adultos (acima de 18 anos). Em 2010, 54.339 pessoas tiveram alguns de seus hábitos pesquisados, sendo aproximadamente 2 mil em cada capital brasileira.

Os resultados orientam o planejamento e a implementação de políticas públicas, especialmente as que preveem ações integradas de vigilância, prevenção e promoção da saúde, voltadas para a redução de fatores de risco como consumo de tabaco e álcool. Outra frente são as ações com o cuidado integral dos portadores de doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares, a hipertensão, o diabetes e suas complicações.

Promoção da saúde

As ações do governo brasileiro seguem o que preceitua a resolução da Assembleia Mundial da Saúde, de 2000, que recomenda prioridade dos governos à prevenção e controle de doenças não transmissíveis, numa estratégia baseada em três pilares: vigilância, prevenção primária e sistemas de saúde fortalecidos.

No Brasil, foi instituída, em 2006, a Política Nacional de Promoção da Saúde, cuja rede nacional conta hoje com a participação de 1.506 municípios de todas as regiões.

Fonte: Ministério da Saúde