Seminário na UFPE vai debater importância histórica do MCP

O Centro de Educação da UFPE promove no próximo dia 28 de abril (quinta-feira) o seminário 50 anos do Movimento de Cultura Popular – Retrospectiva e Balanço. O evento acontece das 8h às 18h, no auditório do centro. As inscrições podem ser feitas no dia do seminário, a partir das 7h30.


"Escravatura" – painel de azulejo do escultor, desenhista e ceramista pernambucano Abelardo da Hora. A obra está exposta no Edifício Residencial Valfrido Antunes, no Recife.

Segundo os professores Flávio Brayner e André Ferreira, coordenadores do encontro, com o seminário pretende-se registrar, em mesas redondas e debate acadêmico, a passagem dos 50 anos do MCP, bem como fazer um balanço da importância histórica, estética e pedagógica do movimento.

O seminário vai reunir nomes importantes do MCP, tais como o professor e ex-prefeito de Olinda, Germano Coelho, que fará a palestra de abertura, e o escultor Abelardo da Hora. Também participam como palestrantes os professores André Ferreira, da UFPE; Danilo Streck, da UFRGS e Kelma Beltrão, da Faculdade Guararapes, que abordarão o tema “MCP: Um olhar histórico”, com mediação de Geraldo Barroso, da UFPE.

Letícia Rameh, do Centro Paulo Freire e o maestro Geraldo Menucci, ex-diretor do Departamento de Música do movimento, farão palestra sobre o MCP e suas expressões artísticas. A mediação é do professor Junot Cornélio (UFPE). Já os professores Flávio Brayner e Silke Weber, ambos da UFPE, discorrerão sobre o tema MCP: cultura e sociedade, com mediação do professor Sérgio Abranches, também da federal de Pernambuco.

De acordo com os coordenadores do evento, o Seminário dirige-se a amplo público. “Mas, gostaríamos que, em especial, nossos alunos e jovens de outros centros universitários comparecessem e tomassem contato com ideias e personagens que, de alguma maneira, moldaram boa parte de nossa sensibilidade para as coisas da cultura popular e do engajamento político-intelectual”, afirmam.

O MOVIMENTO

O MCP foi criado no Recife em maio de 1960, quando o prefeito da cidade era Miguel Arraes de Alencar. O objetivo básico do movimento era divulgar as manifestações de arte popular regional, além de promover a alfabetização de crianças e adultos. Esse trabalho de alfabetização tinha à frente o educador Paulo Freire, um dos sócios fundadores do movimento.

Entidade privada e sem fins lucrativos, o MCP se mantinha através de convênios com a Prefeitura do Recife e o Governo do Estado. O movimento contou com apoio da intelectualidade pernambucana e de facções políticas de esquerda tais como a União Nacional dos Estudantes (UNE), Partido Comunista Brasileiro (PCB) e outras.

O MCP ganhou dimensão nacional e serviu de modelo para movimentos semelhantes criados em outros Estados brasileiros. Entre 1962/63, forças de direita tentaram sufocar o movimento e houve uma mobilização nacional em sua defesa: até mesmo o então Ministro da Educação, Darci Ribeiro, veio ao Recife apoiar pessoalmente o MCP e o considerou “um exemplo a ser levado a todo o País”. Com o golpe militar de 1964, o MCP foi extinto, mas sua contribuição cultural e política permanecem até hoje, a exemplo dos ideais de seus fundadores.

Da Redação do site de Siqueira, com informações da coordenação do seminário.