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Taxas de juros provocam guerra na Zona do Euro

O risco de uma nova e, eventualmente, insuportável oneração para os países da periferia européia sinalizam as visíveis pretensões do Banco Central Europeu (BCE) de elevar, novamente, os níveis das taxas de juros.

Por Laura Britt, no Monitor Mercantil

Considerando que no caso de novas elevações crescerá mais o volume de dívida dos países mais fracos, a questão provoca divergência de opiniões na sala de reuniões dos diretores do BCE, os denominados "cardeais".

O BCE já está sendo criticado por analistas conceituados e órgãos de imprensa da área de economia da Europa, como o Financial Times e a Economist, de que traça e segue política monetária de acordo com os interesses no Norte da Europa, principalmente da Alemanha, enquanto, mantém-se indiferente às necessidades das economias mais fracas da periferia européia.

Na sala de reuniões dos "cardeais", vários dos países do Norte da Europa agrupam-se em torno da Alemanha e de sua tradicional ojeriza à inflação. Pelo lado da periferia da Europa, expressou suas divergências somente a República de Malta. Até que ponto será conformado um agrupamento das economias da periferia da Europa será visto no futuro.

Só uma voz discordante

A sensação de que terminou para os europeus o período do dinheiro barato predomina desde março deste ano, quando o presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, essencialmente, trombeteou, antecipadamente – desde março deste ano – a elevação das taxas de juros do euro em 25 unidades de base, o que de fato aconteceu no dia 7 deste mês. Mas o Norte da Europa quer mais.

A questão voltou por iniciativa de Ewald Novotni, presidente do Banco Central da Áustria, o qual praticamente trombeteou novas elevações das taxas de juros do euro em 50 unidades de base, ainda neste ano.

Em seguida, chegou a vez de retirante presidente do Banco Central da Alemanha, Axel Weber, o qual, por uma vez, advertiu sobre o risco de agravamento das pressões inflacionárias e destacou que, "se as pressões inflacionárias persistirem, devemos esperar nova harmonização da política monetária com o quadro dos preços".

O único que se atreveu a discordar foi o presidente do Banco Central da República de Malta, Michael Bonello, que postou-se ao lado dos superendividados países da periferia européia e de todos os países que tomam empréstimos pagando altas taxas de juros, lembrando que as altas taxas de juros dificultarão, ainda mais, os esforços para gerenciar as dívidas. Apesar da coragem do banqueiro central maltês, as taxas de juros serão novamente elevadas ainda neste ano, de acordo com a profecia de seu colega austríaco.