Choques entre muçulmanos e cristãos egípcios deixam nove mortos
Confrontos entre muçulmanos extremistas e cristãos egípcios deixaram nove mortos e mais de 140 feridos, assim como uma igreja queimada em um bairro do cairo. A informação foi confirmada neste domingo (08) por fontes de segurança.
Publicado 09/05/2011 09:49
Um porta-voz do Ministério do Interior egipcio indicou que a situação permanecia "muito tensa" no bairro de Imbaba, onde no sábado à noite islamistas de corrente salafista (fundamentalista) incendiaram um templo cristão e arremeteram contra pessoas dessa crença.
Jornalistas da agência oficial de notícias MENA indicaram que os mortos já chegavam a nove – seis muçulmanos e três cristãos – já que três dos feridos graves faleceram horas depois. Fontes médicas não descartavam mais falecimentos.
Numerosos efetivos da polícia continuam na zona para evitar novos choques como os de sábado, nos quais ambas as partes trocaram disparos e se lançaram pedras e garrafas incendiárias. Os confrontos começaram com uma manifestação dos salafistas para exigir a libertação de uma jovem supostamente presa pela Igreja Copta (cristã) depois de se converter ao Islã para poder casar com um homem muçulmano, gerando conflitos familiares.
Tareq Maher, um taxista residente em Imbaba, relatou à Prensa Latina que os muçulmanos ameaçaram repetir o protesto contra os cristãos porque estão convencidos de que a referida mulher segue retida contra sua vontade na igreja de Mar Mina.
A televisão estatal egípcia recordou que o incidente de sábado à noite tem relação com a manifestação da sexta-feira de mais de mil coptos na catedral de Abbasiya, uma semana após outro protesto salafista.
A violencia sectária registrou um aumento, ainda que esporádico, no Egito, depois que, em 1 de janeiro, um atentado em frente a uma igreja de Alexandria deixou ao menos 25 mortos e dezenas de feridos.
No começo de março, sete coptos e seis muçulmanos morreram, e mais de 100 pessoas sofreram lesões por choques no bairro de Moqattam, quando residentes cristãos bloquearam uma estrada em protesto pela queima de uma igreja na província de Helwan, ao sul do Cairo.
Os coptos, cristãos do Egito, representam entre 6 e 10% da população deste país, que tem mais de 80 milhões de pessoas – a maioria é muçulmana sunita. O Grande Mufti do Egito, Alí Gomaa, a principal figura islâmica sunita do país, chamou à calma e alertou que "todos os egípcios devem estar lado a lado e evitar as rivalidades", ao mesmo tempo em que instou o governo militar a velar mais pela segurança cidadã.
Os salafistas, uma seita que defende a volta às práticas originárias do Islã, têm ganhado protagonismo depois da queda do governo de Hosni Mubarak, em 11 de fevereiro, junto com a ilegal, porém tolerada, Irmandade Muçulmana.
Fonte: Prensa Latina