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Passaportes: Itamaraty desqualifica ação do Ministério Público

A cruzada particular que um procurador do Ministério Público do Distrito Federal move, por pura picuinha, contra familiares do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu um duro golpe nesta segunda-feira (09). O Ministério das Relações Exteriores afirmou de forma categórica que os passaportes diplomáticos concedidos a familiares do ex-presidente são legais e, portanto, não há nenhum motivo para exigir sua devolução.

Os documentos tiveram sua devolução solicitada pelo procurador Paulo Roberto Galvão, que atuava como substituto no Ministério Público do Distrito Federal. Ele entendeu que a emissão dos passaportes seria irregular. Mas parece que o procurador não cumpriu a tarefa básica de sua função: consultar a legislação para verificar se havia mesmo alguma irregularidade.

Em nota, o Itamaraty afirmou que os documentos, datados do fim de 2010, "foram concedidos em estrito cumprimento às regras". Na época, vigorava o decreto nº 5.978, de 2006, segundo o qual os passaportes especiais podiam ser dados a autoridades, seus cônjuges e dependentes. No caso dos dependentes, o decreto previa que tivessem até 21 anos (24 se fossem estudantes) ou fossem portadores de deficiência. O ministério, entretanto, ficava autorizado a emitir os documentos "em caráter excepcional" e "em função de interesse do País".

No final de 2010, o Itamaraty renovou os passaportes de dois filhos de Lula, Luís Cláudio Lula da Silva, que contava 25 anos, e Marcos Cláudio Lula da Silva, de 39. No total, quatro filhos e três netos do ex-presidente também tinham recebido o passaporte especial. Familiares de chefes de estado de quase todos os países contam com passaportes especiais.

Em janeiro, o Itamaraty divulgou portaria revendo as regras. Entre as alterações, estava a decisão de conceder o benefício a cônjuges e dependentes somente no período de duração da missão de uma autoridade ao exterior. O ministério argumentou que a portaria "não torna ilegais as concessões de passaportes já realizadas". "Não existem, no entendimento deste ministério, quaisquer elementos que justifiquem questionamentos à motivação ou à legalidade dos referidos atos."

Segundo o Itamaraty, os passaportes foram concedidos em caráter excepcional, em razão do interesse do país. Na nota, o ministério não citou o pedido do MPF-DF para que os documentos fossem devolvidos. O órgão havia fixado um prazo até a última segunda-feira. Cabe agora à procuradora Carolina Martins Miranda, que assumiu o posto recentemente, definir se o MPF levará o caso adiante, por meio de uma ação judicial.

Com informações da Agência Brasil