Sem categoria

Dilma dá respaldo pessoal a Ana de Hollanda no MinC

A presidente Dilma Rousseff deu nesta quarta-feira (11) pessoalmente uma demonstração de apoio à ministra da Cultura, Ana de Hollanda — cuja permanência no cargo foi posta em dúvida nesta semana por setores do PT e do governo. Após um evento no salão nobre do Planalto, Dilma cruzou com a ministra, virou-se, colocou as mãos em seus ombros e disse, antes de entrar no elevador privativo: "Fica firme, Ana".

A ministra, no centro de uma crise dentro da própria pasta e no meio cultural, retribuiu com um sorriso. Mais tarde, coube ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, reforçar o apoio da presidente, em reunião no MinC com os secretários da pasta e das entidades vinculadas.

“Começou-se a divulgar fortemente uma história que a ministra estaria para cair, que estaria insegura. O que fui dizer para a ministra Ana e sua equipe é que em nenhum momento a presidente Dilma ou o governo pensaram ou pensam em enfraquecê-la, em fritá-la ou simplesmente demovê-la. Pelo contrário”, afirmou o ministro. “Há uma confiança total da presidente no trabalho que a ministra Ana está desenvolvendo no ministério.”

Carvalho disse a todos que Dilma apoia integralmente as políticas da ministra para a pasta, inclusive a ampliação do debate sobre a mudança na Lei de Direito Autoral — um dos principais focos de insatisfação na classe artística e no PT. Segundo Carvalho, as alterações na lei estão disponíveis no site do ministério para discussão, e o governo está aberto a debater o assunto. A partir do dia 20 deste mês, o projeto de lei será encaminhado à Casa Civil, que depois o enviará ao Congresso para votação.

A reunião durou duas horas e contou com cerca de 15 pessoas. O ministro avisou aos presentes que quem tentar "desestabilizar" a ministra vai "quebrar a cara". Ele pediu "coesão" dos secretários em apoio a Ana de Hollanda, e o recado foi entendido como uma forma de cessar o "fogo amigo" do segundo escalão contra ela.

Sobre o uso indevido de diárias por parte de Ana de Hollanda, Carvalho minimizou, tratando-o como um erro administrativo. “Foi uma falha administrativa que de fato ocorreu, a ministra reconheceu, fez a devolução daquele recurso. Este episódio não enfraquece tampouco a ministra.”

Carvalho abriu o encontro parabenizando a ministra pela "coragem" que demonstrou ao manter um compromisso público em São Paulo no início da semana, apesar dos boatos de que haveria manifestações contra ela. Ana — que pouco falou — procurou mostrar que está trabalhando normalmente. Citou a própria discussão sobre direitos autorais e os projetos do ministério para a Copa de 2014.

Após a reunião, todos os secretários e órgãos vinculados ao ministério divulgaram nota na qual repudiam "a forma como o ministério vem sendo atacado por aqueles que insistem em não reconhecer o diálogo e as ações concretas empreendidas nesses primeiros 120 dias". Declarando "união" em torno de Ana de Hollanda, afirmaram que "esse processo deve sempre ser orientado pela defesa dos melhores valores culturais".

Mais tarde, no Planalto, Carvalho disse que "as plantações" contra a ministra "não estão frutificando" e repetiu que quem aposta "na instabilidade vai quebrar a cara". Ele afirmou que "em nenhum momento" Dilma pensou em demitir a auxiliar.

Além dos direitos autorais, as críticas à ministra se devem à suspensão de pagamento de convênios e à retirada do selo Creative Commons (licença para uso de conteúdo) do site da pasta. A campanha contra ela no PT começou quando Ana cancelou a nomeação do sociólogo Emir Sader para presidir a Fundação Casa de Rui Barbosa. Ele havia dito à Folha que a ministra era "meio autista".

Da Redação, com agências