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Peru: entidades se unem e lançam campanha “Fujimori nunca mais”

Mais de 70 organizações de direitos humanos, sindicatos e grupos peruanos lançaram nesta quarta-feira (11), em Lima, a campanha “Fujimori nunca mais”. O grupo anunciou que promoverá manifestações pacíficas durante as quatro semanas que restam antes de 5 de junho – data do segundo turno das eleições presidenciais no país.

O objetivo da campanha é lembrar os dois mandatos de Alberto Fujimori (1990-2000) e pedir para que os eleitores não votem na filha do ex-presidente, Keiko – que disputa o pleito contra o nacionalista de esquerda Ollanta Humala. Em 27 de maio, dois dias antes de um debate presidencial, as entidades promoverão uma grande passeata em Lima.

Na campanha, familiares de peruanos torturados e assassinados durante o governo de Fujimori emprestaram suas vozes. “Quero me dirigir a cada peruano que tem um pouquinho de dignidade para lhe dizer ‘não ao fujimorismo’”, afirma Marly Ansualdo em um vídeo. Ela é irmã de Keneth, estudante sequestrado, assassinado e incinerado nos fornos do sótão do Serviço de Inteligência do Exército por agentes do governo. “Ao arrancarem a vida dos nossos entes queridos, eles mataram uma parte do Peru.”

Em abril de 2009, Alberto Fujimori foi condenado a 25 anos de prisão por violação de direitos humanos. Um painel formado por três juízes considerou o ex-presidente culpado de ter ordenado que o esquadrão militar Grupo Colina matasse 25 pessoas em dois massacres realizados durante o segundo mandato. Na época, ele enfrentava a oposição de guerrilhas.

Fujimori também foi responsabilziado pelos sequestros do jornalista Gustavo Gorriti e do empresário Samuel Dyer, mantidos reféns no porão do Serviço de Inteligência do Exército. “Agora é responsabilidade dos peruanos impedir que eles terminem de liquidar o Peru”, analisou Carlos Rivera, advogado das vítimas durante o julgamento de Fujimori. “O retorno do fujimorismo ao poder apenas dez anos após sua saída é uma possibilidade nefasta para a democracia no Peru.”

Além de divulgarem os vídeos com depoimentos e imagens de televisão, as organizações em torno da campanha entregaram à imprensa os nomes de 22 pessoas que acompanharam Alberto Fujimori e agora fazem parte da equipe de Keiko. Trata-se, sobretudo, de assessores, congressistas e ministros. Os membros da campanha também lembraram que a candidata é investigada por crimes ligados ao fujimorismo, como peculato e enriquecimento ilícito.

“Um governo de Keiko Fujimori fará o possível para conceder um indulto ou um habeas corpus a Alberto Fujimori”, alerta Rocío Silva, secretária-executiva da Coordenação Nacional de Direitos Humanos. Segundo ela, a filha do ex-presidente “não cumprirá com o Plano Nacional de Direitos Humanos e tampouco com as reparações e recomendações da Comissão da Verdade”.

Da Redação, com informações do Opera Mundi