Novo presidente da CNBB diz que manterá diálogo com governo Dilma
Após tomar posse como presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Raymundo Damasceno afirmou na manhã desta sexta-feira (13) que irá manter, nos próximos quatro anos de seu mandato, um “diálogo mútuo” com o governo da presidente Dilma Rousseff.
Publicado 13/05/2011 16:49
No entanto, o bispo afirmou que, quando necessário, a Igreja manterá suas posições no campo “ético e moral”. A cerimônia foi o último ato da 49ª Assembleia Geral da CNBB, realizada em Aparecida, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo.
“A Igreja tem a missão própria de anunciar o Evangelho. O relacionamento com o governo tem sido de diálogo mútuo. Manteremos esse diálogo”, afirmou dom Raymundo, atual arcebispo de Aparecida. Em seguida, completou a declaração, dizendo que a Igreja deve se posicionar sobre as discussões do país, mas sempre “guardando sua independência e liberdade, não do ponto de vista técnico, mas ético e moral”.
A nova direção da CNBB é composta ainda pelo vice-presidente dom José Belisário da Silva (arcebispo de São Luis-MA) e pelo secretário-geral dom Leonardo Ulrich Steiner (bispo da prelazia de São Felix-MT). O encerramento da assembleia ocorreu em um centro de eventos da cidade, a poucos metros do Santuário Nacional de Aparecida.
Tema espinhoso
Durante os dez dias do encontro anual, alguns bispos se manifestaram sobre um tema espinhoso para a Igreja Católica: a união estável entre pessoas do mesmo sexo, que foi reconhecida em votação unânime pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Eles defenderam a família, como sendo formada por um homem e uma mulher capaz de gerar filhos. Questionado novamente sobre o assunto, dom Raymundo disse que não tinha “nada a acrescentar”, pois uma nota oficial da CNBB já havia sido divulgada à imprensa.
Ele elegeu como “prioridade” colocar em prática as cinco diretrizes, chamadas também de urgências pastorais, aprovadas na Assembleia, que começou em 4 de maio. “A Igreja tem que ter atenção e preocupação com os que estão mais distantes de nossa comunidade. Queremos que as paróquias sejam mais missionárias. É preciso que saiamos do comodismo em que vivemos para levar o Evangelho”, afirmou o bispo, negando se sentir “ameaçado” pelo avanço dos evangélicos.
Código Florestal
O adiamento da votação do Código Florestal no Congresso Nacional também foi tema abordado na entrevista que os três bispos eleitos para a diretoria da CNBB deram ao fim do evento. Dom Leonardo, agora secretário-geral da entidade, considerou um "bom passo" o fato de os parlamentares não terem votado a matéria ainda.
"O código que está sendo proposto tem pontos a serem revistos, como o desmatamento da mata ciliar. Os critérios precisam ser melhorados. Não é a Igreja que vai determinar alguma coisa, mas podemos colaborar", disse dom Leonardo. Ao ser questionado, dom Raymundo informou que precisa analisar as propostas do texto "para ter uma posição mais clara".
Fonte: G1