Lula Morais lembra a abolição da escravatura em pronunciamento

O deputado Lula Morais (PCdoB), em pronunciamento nesta sexta-feira (13/05) na Assembleia Legislativa, afirmou que a abolição dos escravos em 13 de maio de 1888 não foi suficiente para assegurar a inclusão social para os ex-escravizados. Segundo ele, a data é considerada pelos movimentos negros mais como momento de reflexão do que de comemoração. O deputado adiantou que as comemorações verdadeiras ocorrem em 21 de novembro, em homenagem a Zumbi dos Palmares.

Lula destacou que no Ceará está sendo instalada a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro –Brasileira (Unilab) que vai congregar todos os países lusófonos, notadamente da África. Ele lembrou que, no Estado, em 24 de maio de 1884, foi impulsionado o movimento abolicionista. “A resistência à escravidão é fato inegável, com a formação de vários movimentos, como o Perseverança e o Porvir, em 1779, que congregavam vários segmentos sociais. Em 1880, 210 abolicionistas fundaram a Sociedade Libertadora e o jornal Libertador, tendo a frente João Cordeiro”, pontuou.

As ideias libertadoras, segundo o comunista, também envolveu os jangadeiros cearenses que a partir de 1881 se negaram a fazer o transporte escravo. “A abolição dos escravos, no entanto, não pôs fim ao sofrimento dos negros que perdura historicamente. E as Conquistas são frutos de muitas batalhas e lutas contra a discriminação”, observou.

Lula Morais destacou também os avanços na legislação, como a Constituição de 1988, que tornou o racismo crime inafiançável e imprescritível, sujeito a prisão na forma da lei. Também registrou as leis que estabeleceram cotas sociais para as universidades do Rio de Janeiro e UNB, em Brasília. “Hoje, 31 instituições de ensino superior adotam política de cota, com positiva avaliação dos cotistas”, informou.

Lula Morais lembrou ainda que, em 21 de março de 2003, foi criada pelo Governo Federal a Secretaria da Igualdade Racial, com status de ministério e, em Fortaleza, em 2007, foi criada a Secretaria Municipal para a Igualdade Racial, para “o resgate da dívida histórica com afrodescendentes”, disse.

Apesar de ser tradicionalmente desmentida, Lula disse que a presença de negros na formação de nosso estado é provada por trabalhos acadêmicos, contribuindo para uma nova historiografia, que antes negava a identidade negra. “Há marcas da afrodescendência. Mais de 80 comunidades cearenses são remanescentes de quilombos. E aqui há a prática da capoeira, candomblé, umbanda”, frisou.

O parlamentar anunciou que hoje à tarde haverá sessão solene e serão homenageados a Mãe de Santo Obassi, o mestre de cultura Descarte Gadelha, e mestre de capoeira José Renato, em comemoração a data de reflexão da abolição da escravatura do país.

Fonte: Agência de Noticias da Assembleia Legislativa