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Otan dispara contra paquistaneses na fronteira do Afeganistão

Soldados paquistaneses e a tripulação de um helicóptero da Otan, que invadiu o território do Paquistão, trocaram tiros na última terça-feira (17). No conflito, dois soldados morreram e outros cinco ficaram feridos, segundo autoridades locais. A aeronave da Otan retornou acompanhada de helicópteros antes de atirar contra um posto militar no norte do Waziristão.

O protesto ocorreu após o ataque norte-americano que matou o líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, em território paquistanês.

Segundo o Exército paquistanês, “um importante agente da Al Qaeda” havia sido detido na cidade portuária de Karachi. Ainda de acordo com o Exército, o iemenita Muhammad Ali Qasim Yaqub, também conhecido pelo pseudônimo Abu Sohaib Al Makki, trabalhava sob comando direto dos líderes da Al Qaeda na fronteira entre Paquistão e Afeganistão.

O Exército e os serviços de inteligência paquistaneses estão sob alvo dos Estados Unidos e da Otan desde que Bin Laden foi morto, no dia 2 de maio, em um ataque norte-americano contra uma grande casa na cidade de Abbottabad – uma comunidade habitada por famílias de militares.

O Exército do Paquistão – que vem enfrentando fortes críticas internas por não ter impedido a invasão norte-americana que matou Bin Laden – anunciou ter apresentado vigoroso protesto e exigido uma reunião com autoridades da Otan, para discutir o incidente.

O ataque com o helicóptero da Otan ocorreu na região de Datta Khel, no Waziristão do Norte, parte da área tribal paquistanesa que é conhecida por abrigar membros do Taleban e Al Qaeda que lançam ataques tanto no Afeganistão quanto no Paquistão. A região vem sendo alvo de repetidos ataques de aeronaves norte-americanas pilotadas remotamente.

Relações bilaterais

As relações entre os Estados Unidos e o Paquistão estão tensas desde a invasão de soldados norte-americanos no último 2 de maio. O governo paquistanês está indignado pelo fato de os Estados Unidos terem executado a operação sem nenhum tipo de consulta ao país.

O Exército paquistanês afirmou em comunicado que suas tropas dispararam contra o helicóptero depois de ter seu espaço aéreo invadido durante as primeiras horas do dia. Dois soldados se feriram quando o helicóptero respondeu aos disparos, afirmam os paquistaneses.

Na noite de sexta-feira, o Parlamento paquistanês emitiu uma resolução para condenar a operação dos EUA, pedindo que o governo “revise” sua relação com Washington e defendendo a criação de uma comissão independente para investigar a operação americana contra Bin Laden.

O texto foi divulgado após uma sessão entre as duas Câmaras paquistanesas, na qual compareceu a cúpula militar para dar explicações sobre a operação em Abbottabad, cidade próxima a Islamabad onde se escondia o líder da Al-Qaeda.

A resolução pede ao Executivo que “revise” seu contato político com os EUA com o objetivo de “assegurar que os interesses nacionais do Paquistão sejam totalmente respeitados”.

Na segunda-feira, no entanto, EUA e o Paquistão concordaram em trabalhar juntos em quaisquer ações futuras contra “alvos de alto valor” em território paquistanês.

O senador norte-americano John Kerry visitou Islamabad por 24 horas com o objetivo de trabalhar pela recuperação do relacionamento entre os dois países. Em tom impositivo, advertiu o governo anfitrião de que "ações, e não palavras", eram necessárias para recolocar o relacionamento no rumo.

Paquistão

Ainda na última terça-feira, as forças paquistanesas de segurança mataram a tiros quatro suspeitos de prepararem atentados suicidas com explosivos, entre os quais três mulheres, quando eles tentaram atacar um posto de controle do Exército em Quetta, no sudoeste do país, informou Daood Junejo, chefe de polícia da cidade.

As forças de segurança ordenaram que os cinco parassem quando estavam se aproximando do posto de controle, em um carro. Um dos homens saiu do carro e detonou os explosivos que portava; os outros quatro, também vestindo coletes contendo explosivos, foram mortos quando tentaram lançar granadas contra o posto de controle, disse.

No entanto, imagens da TV local mostram o que parecem ser forças de segurança disparando contra duas das mulheres que já estavam caídas no chão, uma delas com a mão erguida sobre a cabeça.

Todos esses episódios revelam que os Estados Unidos e a Otan continuam explorando a “luta contra o terrorismo” como pretexto para atacar países e controlar a região da Ásia Central.

Da redação, com agências.