UNE e UBES falam sobre a polêmica com o DER-RN

Nas últimas duas semanas, uma polêmica se instalou no Rio Grande do Norte após a decisão do Departamento de Estradas e Rodagem (DER) de não reconhecer as entidades estudantis nacionais UNE (União Nacional dos Estudantes) e UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas). Sobre isso, o jornal Caras Pintadas conversou com Pedro Henrique, que é estudante do Cursinho Hipócrates, Vice-Presidente da UMES e Diretor Regional da UBES, e com Ramon Alves, que é estudante de Direito da FARN e Vice-Presidente Regional da UNE.

Jornal Caras Pintadas: O governo estadual, através do DER, decidiu não reconhecer a UNE e a UBES. Como vocês avaliam isso?

Pedro Henrique: Primeiro, é imprescindível iniciar dizendo que o governo da Rosalba, o único governo do DEM no Brasil, é o único a não reconhecer a UNE e a UBES. Não é à toa que esse partido segue o caminho da extinção; o desrespeito aos movimentos sociais em geral, e movimento estudantil em particular, é uma característica dos Democratas.

Segundo, a alegação do governo estadual é um absurdo. Justificam afirmando que não temos a nossa ata de fundação e que falta a documentação completa dos diretores da UBES e da UNE. Ora, são mais de 130 diretores em todo o Brasil, diferentemente das empresas de carteiras estudantis que possuem 2 ou 3 diretores no máximo, já que vivem disso. Nossa ata, e isso é de conhecimento público, foi queimada no primeiro ato da Ditadura Militar no Brasil, que incendiou a sede das entidades estudantis.

Gostaríamos de ver o governo estadual exigindo fotos dos Congressos dessas empresas cartoriais. Nós envolvemos mais de 1 milhão de estudantes de todo o Brasil para eleger a diretoria da UBES. Gostaríamos de ver um evento organizado por essas empresas de fachada. O governo de Rosalba tomou uma decisão que deixa claro que no governo dela os estudantes não têm vez.

Ramon Alves: Para nós que acompanhamos a decisão do DER, a manifestação desse órgão foi política. Somente isso justifica a inabilitação de entidades que possuem convênios com Ministério da Cultura e Ministério da Educação, por exemplo, os quais exigem muito mais complexidade do que uma habilitação estadual.

A UNE é reconhecida por lei federal e, para se ter uma ideia do quão absurda é a decisão do governo de Rosalba, é a única entidade, ao lado da UBES, a ser citada no decreto da meia passagem intermunicipal sancionado pelo ex-governador Fernando Freire.

Se a Rosalba não reconhece a UNE e a UBES, ao menos ela irá conhecê-las. Mesmo em período de greve, nós estamos convocando uma mobilização virtual #ForaRosalba, engrossando a luta dos professores em greve e iremos, ao final do movimento de paralisação dos professores, organizar uma passeata da meia-entrada para que Rosalba conheça a UNE e a UBES.

Por outro lado, já acionamos a justiça estadual para que se corrija essa decisão arbitrária do governo estadual, que remete ao período militar. Vai ser mais um triste episódio para um governo que acabou de começar ter que ver reconhecida a UNE e a UBES a partir de uma decisão judicial.

JCP: Quantos estudantes estão sendo prejudicados com a decisão do governo de Rosalba?

Ramon: Hoje, mais de 60 mil estudantes possuem a Identidade Estudantil Eletrônica da UNE e da UBES. Nós estamos dizendo a todos que ainda não puseram o selo do Transpasse no cartão que a culpa disso é da governadora, que repete erros do passado e se torna a única a não reconhecer a UNE e a UBES.

JCP: Empresários de carteiras estudantis aproveitaram a decisão do governo estadual para comemorar. Qual é a opinião sobre isso?

Pedro: O papel dos empresários de carteiras estudantis sempre foi esse, em todo o Brasil. Eles lutaram pela meia-entrada? Não. Eles conquistaram a meia passagem intermunicipal? Não. Eles foram às ruas conquistas o meio passe estudantil? Não. Eles não têm história, não têm compromisso com a luta dos estudantes brasileiros.

Desafiamos a URNE e a ABERN a apresentar uma foto de passeata organizada por eles. Um grêmio estudantil que os reconheça. Não existe. Desafiamos a apresentar as fotos dos Congressos que eles “realizam”.

Isso fica ainda mais sonoro quando todos eles se juntam para atacar a UNE e a UBES. Eles sabem que nossa carteira gratuita, cujo objetivo é moralizar o documento de identificação estudantil, prejudica o lucro deles.

JCP: Eles alegam que a carteira de estudante só serve para o sistema de meia passagem no município. Correto?

Ramon: Até que ponto as coisas chegaram. Nós nos deparamos na semana passada com diversos representantes do setor cultural que nos mostraram documentos distribuídos por empresas de carteiras estudantis que são as cópias da decisão do DER, sendo divulgadas em bares, casas de show e cinemas. Todos consideraram um jogo baixo o que está ocorrendo em Natal e se solidarizaram em defesa do que eles consideram um grande avanço para a meia-entrada.

Então, não há o que se falar em prejuízo ao direito à meia-entrada. A Identidade Estudantil Eletrônica tem validade em todo o país para a meia-entrada.

JCP: Quais serão as medidas que adotarão a UNE e a UBES para garantir o direito dos mais de 60 mil estudantes prejudicados?

Ramon: Primeiro foi a ação judicial que movemos contra a decisão do DER. A segunda coisa é a apresentação formal da UNE e da UBES à governadora Rosalba. Vamos levar nosso cartão de visitas a ela com mais de 1000 estudantes na governadoria. Ao encerrar a greve, nós faremos a Jornada de Lutas em Defesa da Meia-Entrada, para que nunca mais esse governo se atreva a prejudicar os direitos conquistados pelos estudantes do Rio Grande do Norte.
 

Imprensa UJS