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Corpo do ativista Abdias do Nascimento será cremado no RJ

O corpo do ativista do movimento negro Abdias do Nascimento será cremado no Rio de Janeiro e suas cinzas levadas para a Serra da Barriga, em Alagoas, local do maior centro da resistência negra no Brasil, o Quilombo dos Palmares. O velório ocorre hoje, a partir das 18h, na Câmara Municipal de Vereadores do Rio de Janeiro.

Nascimento morreu às 22h50 de segunda-feira (23) no Hospital do Servidor do Rio de Janeiro. Ex-deputado, secretário estadual e senador, foi também pintor autodidata, escritor, jornalista, poeta e ator.

Ele estava internado desde o dia 15 de abril e morreu de insuficiência cardíaca, segundo a assessoria de imprensa do hospital. De acordo com Ivanir dos Santos, conselheiro do Ceap (Centro de Articulação de Populações Marginalizadas) e amigo pessoal de Abdias, o ativista foi internado por complicações de diabetes.

Sua defesa dos direitos humanos dos afrodescendentes lhe rendeu uma indicação ao Prêmio Nobel da Paz em 2010. Em março deste ano, ele esteve entre as lideranças negras convidadas para o encontro com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, no Rio de Janeiro.

Foi dele a sugestão de instituir, em São Paulo, o Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro desde 2006.

Abdias do Nascimento foi o primeiro deputado federal do país a se dedicar à defesa dos direitos dos afro-brasileiros, de acordo com o PDT, sigla que o ativista representou no Congresso. Ele assumiu o cargo em 1983, eleito pelo Rio de Janeiro. Em seu mandato de quatro anos, segundo dados da Ipeafro (Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros), foi de autoria de Nascimento o primeiro projeto de lei de políticas públicas afirmativas da história do Brasil.

Além da indicação ao Prêmio Nobel da paz – que ele afirmou nunca esperar vencer, em entrevista exclusiva à Folha, em 2010 – , Abdias recebeu honrarias dos Estados Unidos, Nigéria, México, Unesco e ONU. No Brasil, recebeu das mãos do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Ordem do Rio Branco, no grau de Comendador – a honraria mais alta outorgada pelo governo brasileiro.

Fonte: Folha de S. Paulo