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Cacique tucano atropela Serra e diz que não vê derrotados no PSDB

O candidato derrotado do PSDB à presidência da República, José Serra, teve sua pretensão de dirigir o Instituto Teotônio Vilela (ITV) negada pela convenção do partido, episódio que realçou as brigas intestinas no tucanato. Mas o ex-senador Tasso Jereissati (CE), outro que não passou pelo teste das urnas em 2010, diz que ninguém saiu derrotado na convenção.

Jereissati acabou abocanhando o cargo ambicionado pelo ex-governador paulista, forçado a se resignar com o comando do Conselho Político do PSDB, posto desprezado pelo ex-presidente FHC. "O dia a dia vai mostrar que não houve um derrotado na convenção, e sim um ganhador, que foi o PSDB", afirmou o cacique cearense em entrevista ao Estado de São Paulo, buscando contornar a crise. Leia abaixo a íntegra da entrevista:

Estadão – O ex-presidente FHC reconheceu que até pouco antes da convenção o partido estava brigando. Afinal, o PSDB saiu rachado ou renovado?
Tasso Jereissati – Todos os partidos têm embates, isso não é novidade. Houve um embate sim, mas acho que saímos da convenção renovados, e não rachados. Eu entendo que essa disputa foi uma renovação. O partido sai dela com muito mais vitalidade e força para fazer oposição e construir nosso projeto de poder.

Estadão – Mas José Serra não levou o que queria.
TJ – Não acho que teve perdedor. O dia a dia vai mostrar que não houve um derrotado e sim um ganhador, que foi o PSDB. Um partido não pode ser morno com todo mundo acomodado em seus lugares. Um partido como o nosso, há oito anos na oposição, tem que ser quente mesmo, ter os exaltados.

Estadão – O formato do Conselho Político deixa Serra confortável?
TJ – Essa história de deixar São Paulo ou deixar o Ceará confortável é uma linguagem um pouco antiquada, que pressupõe donos e coronéis no partido. O Serra é, sem dúvida, uma das maiores lideranças de São Paulo e do Brasil e ninguém deixa de reconhecer isso. A questão não é São Paulo. É o Serra que, por sua personalidade, liderança e história, tem que ter uma posição importante, de deliberação. O Conselho formaliza essa senhorialidade que ele tem naturalmente dentro do partido.

Estadão – Apesar dos discursos em nome da união, as divisões internas não desapareceram.
TJ – Você conhece algum partido que não tenha disputa interna, seja no Brasil ou no exterior? As primárias nos EUA são o exemplo clássico disso. A disputa entre a Hillary e o Obama foi duríssima. Aqui não chegou nem perto disso. Foi bom ver um partido que está querendo viver, participar, ter seu lugar nessa política sufocante de governo. Esse governo tem uma base fisiológica gigantesca que procura sufocar a minoria de oposição que está fora dessa órbita.

Estadão – O confronto interno entre Serra e Aécio significa que o PSDB vai fazer prévias presidenciais?
TJ – Sem dúvida existem diferenças neste processo que ninguém pode negar. Sempre fui defensor de prévias e a favor da disputa. Levantei o assunto quando presidia o PSDB. De fato, quando houve disputa entre Serra e Alckmin, FHC, Aécio e eu tivemos que tomar a decisão. Vi ali que essa decisão de caciques está ultrapassada. Isso vinha da época dos cardeais tucanos que tinham poder absoluto no partido, pela liderança incontestável que tinham. Mas esta fase já passou. A fórmula envelheceu; está vencida

Fonte: Estadão.com