MP ajudará CPI a organizar mapa sobre mortes na Região Serrana

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Alerj que investiga os responsáveis pela tragédia causada pelas chuvas na Região Serrana sugeriu, no dia 2, ao Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ) um mapeamento dos locais onde, possivelmente, ainda possam existir corpos para serem resgatados.

Coordenador do Programa de Identificação de Vítimas (PIV) do MPRJ, o promotor de Justiça Pedro Borges Mourão explicou que não há como fazer uma estimativa de quantos corpos ainda estão desaparecidos, mas informou que é possível realizar o mapeamento pedido pela CPI. “O georreferenciamento é totalmente possível. As técnicas de localização e escavação não são da minha área, mas da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros, que saberão agir da melhor forma. Porém, realmente cabe-nos indicar quais os locais onde é maior a probabilidade de se encontrar mais corpos”, contou.

Esta possibilidade deve-se não só ao premiado PIV, mas também ao Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (Plid), ambos criados de forma inédita pelo MPRJ – eles deram origem a um banco de dados usado para o cruzamento de informações.

“O projeto com o banco de dados, em um curto e médio prazos, permite-nos fazer todas as correlações dessas informações, ou seja, saber onde houve um maior índice de comunicações de desaparecimento e o respectivo número de localizações em relação a estas comunicações. Certamente, esse será o subsídio de maior importância para que se faça o trabalho final de busca de corpos”, afirmou o promotor.

Borges declarou ainda que cerca de 130 corpos ainda não foram identificados formalmente, apesar de ter havido um reconhecimento prévio por parte das famílias. O promotor contou que o número de mortos até o último dia 20 de abril era de 892 em toda a Região Serrana.

No total, o programa recebeu quase 700 comunicações sobre desaparecimentos, sendo que 296 pessoas foram encontradas vivas. “Outras 50 comunicações devem ser descartadas pelos próximos dias por não ter sido possível localizar o comunicante”, contou Borges, afirmando que informações falsas também foram recebidas no momento da tragédia.

Já o coordenador do Núcleo de Apuração Criminal (NAC) do MPRJ, procurador de Justiça Rogério Scantamburlo, explicou os dois programas e destacou que o PIV goza de reconhecimento nacional, pois a iniciativa recebeu menção honrosa no Prêmio Innovare em 2010. “Se já é difícil dar autoria a um crime conhecendo a identidade da vítima, imagina o problema quando não se conhece ou não se sabe de quem é o corpo”, comentou.