Alagoas: o clamor das ruas

Mais uma vez nas ruas, diversas categorias do funcionalismo de Alagoas, em luta pelo reajuste de seus salários e melhorias tanto dos serviços quanto das condições de trabalho, numa grande manifestação contra o governo do Estado, com a participação de estudantes, saíram em passeata pelas ruas do Centro de Maceió e concentraram-se em frente à sede da Assembleia Legislativa de Alagoas, na Praça D. Pedro II, nesta quarta-feira, 01/06.

Alagoas - Bruno Soriano, Gazetaweb

Participaram do ato os sindicatos dos servidores públicos, as Centrais Sindicais CTB, CUT, CGTB e CSP, partidos políticos, dentre os quais o PCdoB, as entidades estudantis UNE e UBES, lideranças de várias faculdades particulares, além dos DCE´s da UFAL, da UNEAL e da UNCISAL, e organizações da juventude.

A presença dos estudantes, além da solidariedade com os servidores, reflete a situação dos cada vez mais graves problemas estruturais no Estado de Alagoas, em especial na educação, saúde e segurança, que têm afetado seriamente a população alagoana.

Com faixas, cartazes e até mesmo um caixão simbolizando o enterro do governador Teotonio Vilela Filho (PSDB), os trabalhadores e os demais segmentos presentes levavam bandeiras de reivindicações direcionadas ao governo estadual. Fardas de policiais militares foram estendidas num varal para representar a insatisfação da categoria e as mulheres de policiais militares realizaram um panelaço como forma de protesto.

A União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) estiveram presentes, defendendo melhorias na educação e apoiando as pautas dos servidores públicos estaduais.

Participaram do ato lideranças de várias faculdades particulares, além dos DCE´s da UFAL, da UNEAL e da UNCISAL. A Direção da UNE em Alagoas, avaliou o ato como positivo. “Estudantes e trabalhadores estão unidos. Essa manifestação mostrou isso. Milhares de alagoanos foram às ruas hoje para mostrar sua insatisfação com a atual situação do estado” . avaliou a diretora da UNE, Claudia Petuba, acrescentando: “É de grande importância essa unidade entre estudantes e trabalhadores. A pauta salarial dos servidores públicos é importante e justa, nós estamos ao lado dos sindicatos nessa luta, mas apresentamos um questionamento também à própria condução do estado pelo atual governo. Achamos que Alagoas precisa e pode se desenvolver mais”.

Para Cláudia, “Estamos numa situação crítica na Educação, na Saúde, na Segurança. Vemos o problema das drogas avançar e não há grandes perspectivas de emprego e oportunidades para a juventude. Por isso a UNE foi às ruas hoje, para reivindicar melhorias na Educação e em todas essas áreas”.

O Diretor da UBES, João Carlos ressaltou a difícil situação por que passa a educação em Alagoas. “As escolas estão precárias na sua estrutura e os professores e funcionários não são valorizados. Com muito esforço alguns conseguem terminar os estudos, mas mesmo esses terminam com limitações enormes”.

Com a manifestação de hoje, as lideranças esperam chamar atenção para a necessidade de mudanças em Alagoas. “As mobilizações apenas se iniciaram, ainda acontecerão outras manifestações e debates e toda a sociedade alagoana está convidada a participar”.

Segundo o presidente da CUT, Izaac Jackson, as categorias do funcionalismo querem que o governo apresente sua proposta, de reajuste de 7% em única parcela retroativa ao mês de maio, em documento e atenda a outros requisitos. Jackson informou que haverá mais duas reuniões, nas próximas segunda-feira (06) e terça-feira (07), por meio das quais cada categoria decidirá, internamente, se aceita ou não a proposta do Executivo. Na quarta-feira (08), mais uma mobilização está agendada para que, em assembleia geral, o movimento decida se aceita ou não apenas os 7%.

"Ainda estamos a sofrer com o posicionamento do Judiciário, sempre a decretar a ilegalidade das greves do funcionalismo. Enquanto isso, o Governo apresenta projeto de lei para reajustar o salário dos secretários em mais de cem por cento”, acrescentou.

Os servidores querem ainda que o governo retire o projeto de lei que está tramitando na Assembleia Legislativa de Alagoas e que permite ao Estado a contratação de servidor sem a necessidade de realização de concurso público por 48 meses. O Movimento Unficado pede ainda que nenhum servidor civil ou militar seja punido por conta das manifestações. Outras reivindicações são a realização de concurso público imediato, a reposição da inflação com ganho real de salário e o atendimento de questões que dizem respeito a condições das carreiras de servidores, em especial na educação, policiais civis e militares, além de agentes penitenciários.

De Maceió, Selma Villela.