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Reunião entre Humala e Dilma fortalece integração regional

Depois de se reunir nesta quinta-feira (9) com a presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, o nacionalista Ollanta Humala, de 48 anos, eleito presidente do Peru no último domingo, disse que o Brasil é um sócio estratégico do Peru. No dia 28 de julho, ele toma posse. Dilma afirmou que estará presente.

Para Humala, o crescimento econômico deve ocorrer paralelamente às ações de inclusão social. “Um país não pode se considerar rico quando há tanta pobreza”, afirmou Humala. “O Brasil é o primeiro país que estou visitando. É um sócio estratégico e importante para nós, inclusive para o fortalecimento das fronteiras. O Brasil é um modelo exitoso de estabilidade macroeconômica com inclusão social.”

Segundo o porta-voz da Presidência da República do Brasil, Rodrigo Baena, os presidentes conversaram sobre os programas de transferência de renda em execução no país – o Brasil sem Miséria, o Bolsa Família e o Programa Universidade para Todos (ProUni).

Dos cerca de 29 milhões de habitantes do Peru, pelo menos 30% estão na faixa de pobreza, sendo 10% na extrema pobreza. Nem mesmo o crescimento anual de 8% conseguiu reduzir a pobreza no vizinho sul-americano. Para os especialistas, o principal desafio de Humala é diminuir a pobreza e melhorar a qualidade de vida da população.

O presidente eleito afirmou, porém, que acrescenta aos seus desafios o enfrentamento ao narcotráfico. Assunto que, segundo ele, também é preocupação de Dilma. O Peru é o segundo maior produtor do mundo de cocaína depois da Colômbia. Há estimativas indicando que o narcotráfico representa de 2,5% a 6% do Produto Interno Bruto (PIB). O Brasil e o Peru mantêm um acordo de cooperação na tentativa de conter a ação de traficantes.

“Temos de fortalecer as relações com os Estados Unidos por causa da nossa luta contra o narcotráfico. O combate ao narcotráfico envolve uma cooperação com todos os países”, afirmou Humala, que seguiu de Brasília para São Paulo, onde vai se reunir, nesta sexta-feira (10), com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Viagens

Antes de tomar posse, Humala fará uma série de viagens pelos países da América do Sul. Depois de visitar o Brasil, ele segue para o Paraguai, Uruguai, Argentina e Chile. Em uma segunda etapa, Humala afirmou que irá para o Equador, Colômbia, Venezuela e Bolívia, passando, por último, pelos Estados Unidos.

Após reunir-se hoje com Dilma, ele concedeu entrevista coletiva no Palácio do Planalto. Sorridente e solícito, o presidente eleito evitou temas controvertidos, entre eles a proposta de revisão de um acordo sobre o potencial hidrelétrico na Amazônia peruana. Durante a campanha de Humala, alguns de seus aliados defendiam aumentar o valor pago pelo Brasil.

Porém, ao ser perguntado sobre o tema, ele afirmou apenas que quaisquer mudanças no acordo devem ser feitas com base em pesquisas de opinião com as partes envolvidas. “Esse tipo de investimento e mudança requer ouvir a opinião da comunidade”, disse.

Segundo o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, no encontro entre Dilma e Humala ficou acertado que o Brasil oferecerá cooperação técnica em vários setores, principalmente nos programas sociais. De acordo com Garcia, os dois presidentes pretendem intensificar a vigilância nas áreas fronteiriças.

No domingo, Humala venceu a conservadora Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), em uma eleição disputada voto a voto. De acordo com o último boletim, divulgado às 3h41 desta quinta-feira pelo Escritório de Processos Eleitores do Peru (cuja sigla em espanhol é Onpe), do total de 99,9% das urnas apuradas, Humala obteve 51,4% dos votos contra 48,5% destinados a Keiko.

Para o Brasil, a vitória de Humala é altamente auspiciosa, na opinião do sociólogo Williams Gonçalves. “O diálogo que tem mantido com as autoridades brasileiras virá fortalecer o processo de integração regional. Isso tanto significa o fortalecimento da Unasul, como também abre mesmo a possibilidade de inclusão do Peru no Mercosul. A opção feita pelos peruanos é muito importante para o Brasil, porque enfraquece o projeto político do México e do Chile de quebrar a unidade regional mediante a proposta de criação de um Bloco do Pacífico Latino-americano. Além, portanto, da importância das relações bilaterais com o Brasil, a conquista de Ollanta Humala representa expressiva vitória do projeto da integração sul-americana”, conclui o especialista.

Da Redação, com agências