Jorge Luis Borges ganha espaço cultural em Buenos Aires
Jorge Luis Borges ganhou em Buenos Aires, sua cidade natal, um novo espaço físico e virtual que, com uma proposta visual e em permanente renovação, busca introduzir o público no universo literário do escritor, que morreu há exatos 25 anos.
Publicado 14/06/2011 16:20
Quando os turistas se aproximavam do Centro Cultural Borges, em pleno centro portenho, confiantes de que se tratava de um lugar dedicado ao escritor argentino, acabavam tendo uma decepção. O centro, inaugurado em 1995, acolheu nestes 16 anos numerosas exposições e atividades em homenagem a Borges (1899-1986), mas nunca um espaço permanente que pudesse satisfazer a enorme quantidade de turistas que o escritor atrai.
Para saldar esta dívida, elegeram o 25º aniversário da morte do escritor para inaugurar o Espaço Borges, que pretende se transformar em um instrumento para a divulgação e a reflexão sobre sua obra, relatou uma das responsáveis pelo projeto, Laura Mendoza.
O espaço, criado em colaboração com a Fundação Borges (presidida pela viúva do escritor, Maria Kodama), se estrutura em torno de uma amostra permanente, cujos conteúdos serão renovados periodicamente, e se completa com um site e um calendário de atividades paralelas.
"Histórias de um universo escrito", como batizaram a exposição, busca, "com uma visão bastante generalista", mostrar a "quantidade de facetas que teve e os interesses que desenvolveu ao longo de sua vida", disse Laura. É o próprio Borges, através de uma seleção de entrevistas de seus livros impressos pelas paredes, que guia o visitante através das seis seções nas quais está dividida a mostra.
Embora tenha se tentado evitar mais uma "mostra biográfica", o espaço inclui um pequeno espaço com fotografias de sua família, retratos de sua juventude, recortes de jornais e dois desenhos feitos por Borges durante sua infância, um deles de um tigre, animal que o fascinou desde pequeno. Esse espaço se completa com uma apresentação audiovisual com a opinião de outros grandes escritores e intelectuais sobre a obra de Borges, como John Updike, Maurice Blanchot, Maurice Blanchot, Gérard Genette, Adolfo Bioy Casares e Mario Vargas Llosa.
A seção "Fervor por Buenos Aires", título de um de seus primeiros livros, situa em um mapa os cantos "mais notáveis" de Borges na capital argentina: as casas em que viveu, a escola na qual cursou seus estudos, o zoológico que visitava durante sua infância e suas livrarias favoritas. O percurso continua com as confeitarias nas quais se reunia com outros intelectuais da época, a faculdade e a livraria na qual se deu sua última aparição pública na capital argentina.
A mostra recolhe também uma seleção das leituras e dos autores favoritos de Borges, como Dante Alighieri, Franz Kafka, Walt Whitman, Gilbert Keith Chesterton, Edgar Allan Poe e Joseph Conrad, entre outros, representados com desenhos, fotografias ou fac-símiles de suas obras. Para ilustrar as leituras é exibida uma exclusiva edição de Folhas de erva, obra do poeta norte-americano Walt Whitman traduzida por Borges, Dom Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes, do século XIX, e Martín Fierro, a clássica obra de José Hernández.
O processo criativo de Borges também é mostrado por meio de reproduções dos manuscritos originais de sua obra O Aleph e sua fascinação pelos labirintos e a literatura fantástica. A mostra se completa com um leque de atividades culturais que inclui exposições temporárias paralelas, conferências de especialistas, oficinas e representações artísticas.
Fonte: EFE