Cuba: Maria Emília; “O bloqueio nos afeta, mas não nos detém”

A conselheira da Embaixada de Cuba no Brasil, Maria Emília Vieira, esteve em Fortaleza para participar de um debate sobre o país promovido pelo Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) em parceria com a Fundação Mauricio Grabois e com a Casa de Amizade Brasil – Cuba. Durante sua intervenção, a conselheira enalteceu as conquistas do povo cubano e destacou as dificuldades pelas quais eles ainda passam.

Debate sobre Cuba em Fortaleza

Com os objetivos de divulgar a 19ª Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba, que acontecerá em São Paulo entre os dias 22 e 25 deste mês; ampliar a solidariedade ao povo cubano e divulgar as conquistas do país; organizações se uniram para debater, na noite desta quinta-feira (16/06), as conquistas e dificuldades de Cuba. Parlamentares, estudantes, sindicalistas e admiradores do povo cubano estiveram presentes para participar da palestra “Cuba, o 6º Congresso e a Consolidação do Socialismo”.

O Senador Inácio Arruda (PCdoB), na abertura do encontro, ressaltou que Cuba representa uma importante experiência revolucionaria para toda a América Latina. “Apesar de enfrentar tantas dificuldades, este é um exemplo vitorioso. Cuba nos mostra formas de reconstruir uma nação, mesmo com bloqueio econômico e político, com grandes consequências sociais. Nossos irmãos representam uma luta vigorosa e vitoriosa, fato que merece nosso apoio e serve de referência para todos os revolucionários e lutadores do mundo. Cuba é formada por gente temperada no fogo da luta”, destacou o parlamentar.

Maria Emília iniciou sua intervenção apresentando imagens referentes ao país e agradeceu o apoio sempre demonstrado pelos brasileiros. A conselheira destacou que os efeitos do embargo sofrido pela ilha ainda interferem, e muito, na vida do povo cubano. “O imperialismo norte americano cada dia coloca mais suas garras sobre o país. E isso reflete na vida do nosso povo”, considera.

A cubana ressalta a participação cívica do povo nas decisões nacionais. “Com esta colaboração, apresentamos índices superiores a muitos países. Nosso Governo é do povo, para o povo e pelo povo, tal como dizia Abraham Lincoln”, ratifica.

A educação foi destaque na intervenção de Maria Emília. “Oferecemos a luz do conhecimento para pessoas de todas as partes do mundo”, reforçou a conselheira destacando a presença no debate de uma médica formada em Cuba.

Sobre o embargo imposto pelos americanos, Maria Emília enaltece o “exército de amigos de Cuba que defendem o fim do bloqueio econômico e financeiro que representa uma violação brutal aos direitos humanos cubanos. O embargo afeta também nossa soberania”, acrescenta. Segundo a cubana, ao contrário do que muitos pensam, o bloqueio está cada dia mais forte e prejudica mais o país. “Cada vez mais sentimos seus efeitos”.

O sentimento anti-imperialista é pulsante na ilha. “Não existe revolução sem a participação e o envolvimento popular. Cerca de 90% da população cubana já nasceu num país com limitações impostas pelos americanos e com todas as implicações que ele acarreta. Seria muito mais difícil seguir em frente sem a solidariedade internacional. O Brasil é um grande parceiro, representa o 2º sócio comercial de Cuba”, ressalta.

6º Congresso do Partido Comunista Cubano

Maria Emília enalteceu o processo de construção do 6º Congresso do Partido Comunista Cubano realizado em abril deste ano. “O Congresso do partido assegura, dentre tantas outras conquistas, a independência e a soberania do país. Vivenciamos um momento de debate envolvendo a sociedade. Mais de 8 milhões de cubanos contribuíram neste processo. Praticamente toda a população adulta cubana teve a oportunidade de opinar e propor. Foi realmente um processo maravilhoso”. A conselheira reforça a confiança e a unidade da imensa maioria do povo cubano que apoia o Partido Comunista e a revolução. “O população tem compreensão da cidadania e da unidade da nação”.

A conselheira informou que a grande maioria da população cubana é vinculada a algum núcleo. “Todos tiveram a chance de se manifestar livremente nas assembleias. Foi sem dúvida um período de grande participação e importância ímpar para os cubanos. Consideramos este processo como um exemplo de democracia. O resultado do congresso gerou um documento de valor inestimável para que o governo seja balizado por ele”, defende.

Cuba continua mostrando que é capaz de fazer o impossível para construir e defender o Socialismo. “O Socialismo está mais vivo do que nunca. Não se destroi um sonho que se tornou realidade. Não podemos permanecer tranquilos enquanto tem gente sofrendo. Aprendemos a pensar nos demais, a compreender a injustiça e o sofrimento, não importa o lugar em que estão e a distância que nos separa”, reforça Emília.

A conselheira destacou a principal característica dos seus compatriotas. “Mesmo com tantas dificuldades, somos um povo feliz. E é essa felicidade que queremos compartilhar com nossos irmãos da América Latina, da África e do mundo inteiro. Não se pode aplicar uma fórmula milagrosa porque cada país tem que aplicar seu destino. No nosso caso, fizemos uma revolução pelo povo e para o povo. Pode ser difícil entender mas para a gente é muito fácil”, defende.

A conselheira reforçou o agradecimento pela solidariedade dos brasileiros. “Continuamos celebrando e compartilhando a solidariedade e o intercâmbio. Pedimos que continuem mantendo ajuda ao nosso povo que tem valor inestimável”.

Aberto para intervenções, os participantes enalteceram o povo cubano e ratificaram o exemplo de luta em defesa dos seus direitos. Para Carlos Augusto Diógenes, presidente estadual do PCdoB no Ceará, nos tempos duros da ditadura no Brasil, a referência de resistência foi a ilha. “Cuba defendia um regime socialista que nascia da luta heróica, com mobilização em defesa do povo”. Patinhas recorda que era comum anunciarem a queda do socialismo. “Todo dia diziam que Cuba ia cair e depois a China e o Vietnã. 30 anos depois, o Capitalismo vive em crise tanto nos Estados Unidos como na Europa. Enquanto o sistema capitalista virou sinônimo de guerra e crise, o Socialismo demonstra estar cada vez mais capaz de se manter bem”.

Sobre a realização do 6º Congresso do Partido Comunista Cubano, Patinhas reforça que o processo representou um referendo debatido com o povo, que procurou medidas econômicas no sentido de desenvolver ainda mais o país. “Além disso, o Partido Comunista Cubano buscou atender as necessidades da população aumentando ainda mais sua ligação com o povo. Temos orgulho de sermos amigos do PC de Cuba”.

Números

O índice de mortalidade infantil em Cuba é de 4,5 a cada mil nascimentos. Se esse dado fosse aplicado na América Latina, mais de um milhão de seres humanos sobreviveriam em um ano.

As mulheres exercem grande poder em Cuba. Elas representam 65% da força laboral do país e 43% do parlamento.

73% dos jovens entre 18 e 24 anos estão matriculados em cursos de educação superior.

Até 2015, a expectativa é de 100% dos objetivos do milênio serão alcançados por Cuba.

Moção

No encontro, foi aprovada uma moção de solidariedade a Cuba que deverá ser apresentada durante a realização da 19ª Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba. Leia a seguir a íntegra do documento:


Moção de Solidariedade a Cuba


Por ocasião da 19ª Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba, que ocorrerá em São Paulo no período de 22 a 25 de Junho de 2011, nós representantes do Movimento Social do Estado do Ceará – entidades populares, partidos políticos, parlamentares, vimos manifestar nosso apoio e solidariedade ao povo cubano, ao mesmo tempo em que nos posicionamos pela imediata libertação dos cinco heróis cubanos presos em território norte-americano e pelo fim do bloqueio econômico a que injusta e cruelmente Cuba vem sendo submetida nos últimos 50 anos.


De Fortaleza,
Carolina Campos