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Cubano destaca luta de seu país contra base em Guantânamo

José Ramón Rodriguez, presidente do Movimento Cubano pela Paz e pela Soberania dos Povos, conversou nesta sexta-feira (17) com o Portal Vermelho sobre a situação da base naval ilegal norte-americana em Guantânamo.

Rodriguez está no Brasil para participar da Conferência Internacional "A Integração Latino-Americana e a Luta Pela Paz", promovida pelo Cebrapaz, que a ser realizada nesta sexta (17) e sábado (18) no hotel San Raphael, em São Paulo.

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Rodriguez participará de uma mesa cujo tema é a Luta dos Povos Contra as Agressões, que acontece no sábado (18), às 15 horas e contará com as presenças de Majd al-Shara, representante da Síria, J.K.Suleiman Rashid, pela Palestina e Brasil (José Reinaldo Carvalho).

Segundo conta Rodriguez, o Movpaz foi fundado nos final dos anos 1940 como Comitê Cubano Pela Paz e Pela Democracia. Depois da Revolução Cubana, o organismo decidiu mudar seu nome, de forma a abranger uma parcela maior da sociedade cubana.

Rodriguez contou os motivos que levaram à existência da base ilegal norte-americana de Guantânamo, estabelecida em Cuba depois da guerra entre Estados Unidos e Espanha, no final do século 19, que Lênin, o fundador do estado soviético, chamou de primeira guerra imperialista.

A Espanha, poder colonial na época, cedeu territórios aos Estados Unidos, mas não concordou em ceder Cuba, ilha que considerava uma "pérola". Cuba fornecia para a sede da colônia mel, açúcar, tabaco e dezenas de outras mercadorias, portanto era mais valiosa para os espanhóis.

Os norte-americanos resolveram o assunto com um plano audacioso. Fundearam no porto de Havana o Maine, um navio da frota de guerra dos EUA, e o explodiram. Mais de 200 marinheiros morreram e o episódio serviu para que os EUA acusassem a Espanha de sabotagem, dando início à Guerra Hispano-Americana de 1898.

Com a troca de poder colonial, embora Cuba tivesse estabelecido uma "independência", os Estados Unidos procuraram instalar uma base no país, para abastecer suas embarcações. Essa base acabou sendo montada em Guantânamo, pelas características do local, e está lá até hoje. O acordo que a estabeleceu em 1903 foi renovado em 1953. Em 2003, Cuba novamente tentou por um fim ao acordo e à base, sem sucesso.

Rodriguez conta que Guantânamo tem um contrato estabelecido de forma bastante esperta pelos antigos governos de Cuba, antes da Revolução, e dos Estados Unidos, que faz com que o desmantelamento da base dependa de acordo mútuo entre as duas partes. Hoje, é óbvio, os Estados Unidos jamais concordarão.

"Os Estados Unidos se amparam no Artigo 3 do tal acordo, que estabelece que a base só pode ser desmontada se as duas partes concordarem", conta. "Cuba tem tentado acabar com o acordo desde a Revolução, sem sucesso. Denunciamos nos organismos internacionais que isso viola, de forma flagrante, todas as regras jurídicas internacionais, mas eles se negam a entregar o território".

A partir da base aconteceram muitas provocações contra o governo revolucionário de Cuba. "Hoje há mais respeito por nossa soberania e até dialogamos em torno de questões pontuais".

Em relação à prisão instituída em 2002 em Guantânamo, Rodriguez lamenta que Obama não tenha cumprido com sua promessa de campanha, de dar um fim à prisão, lugar onde se mantêm presos supostos "terroristas" aprisionados na Ásia. "Aplicaram a tortura, fizeram coisas terríveis, mas lamentavelmente as Nações Unidas nada fizeram sobre isso", afirmou.