Mobilidade urbana e a ética *

Atualmente o tema está no balcão de discussão. Técnicos, entendidos no assunto e os mais diversos segmentos falam sobre os problemas que o trânsito vem acumulando. E a mobilidade nas cidades passa a ser uma dor de cabeça a medida que a frota de veículos aumenta parecendo que as ruas ficam cada vez mais estreitas. Mas o que significa, realmente, esse vocábulo que nos causa tanta apreensividade?

A meu ver, mobilidade, transcende a movimentação de pessoas, bens e serviços. Não deve se restringir simplesmente nisso!  Atualmente o tema está no balcão de discussão. Técnicos, entendidos no assunto e os mais diversos segmentos falam sobre os problemas que o trânsito vem acumulando. E a mobilidade nas cidades passa a ser uma dor de cabeça a medida que a frota de veículos aumenta parecendo que as ruas ficam cada vez mais estreitas. Mas o que significa, realmente, esse vocábulo que nos causa tanta apreensividade. A meu ver, mobilidade, transcende a movimentação de pessoas, bens e serviços. Não deve se restringir simplesmente nisso!

Mobilidade é convívio social também. E na convivência temos um prato cheio de oportunidades. A refeição é farta e temos que digerir alguns sapos bem indigestos. Façamos o seguinte raciocínio: "De que adiantará ruas espaçosas, cruzamentos e vias sem congestionamentos, se a isso não agregarmos atitude voltada ao deslocamento e movimentação sociabilizada".

A planejada estrada ou rua em nada contribuirá se o cidadão não atuar em defesa do bem comum. E isso, está intimamente ligado a mobilidade. Movimentar-se em qualquer espaço é uma necessidade de cada pessoa e isso deve ocorrer, de modo que todos os envolvidos , estejam satisfeitos , quanto a seus objetivos.

As empresas na movimentação dos bens e serviços e na prestação dos mesmos, o cidadão, indo e vindo do trabalho, o estudante, o aposentado, enfim esses contingentes que necessariamente precisam movimentar-se. Isso tudo , atualmente está bem dificultado. Aí, vem a insatisfação de que falamos. E aí, também surge a falta de ética presente durante essa movimentação. Condutas inadequadas, incorretas e desrespeitosas tomaram conta desse segmento.

Quando falamos de ética temos noção, mas entendo que existe dificuldade de explicá-la em determinadas situações. Ética a meu ver passa por atitudes e posições cotidianas no sentido de respeito as regras , sociais ou coercitivas e, se afirma quando esse exercício é praticado na sua plenitude. No trânsito podemos citar exemplos claros: sabe-se que não se pode beber e assumir o volante de um carro, mas muitos fazem! Sabemos que os profissionais motoristas de caminhões, excedem sua jornada de trabalho porque precisam cumprir prazos para entrega das cargas e colocam suas vidas em risco bem como as dos demais condutores. 

A toda evidência a falta de ética está presente, seja no condutor que bebe e dirige , porque está infringindo dispositivo legal, bem como nas empresas que não determinam uma flexibilidade quanto a jornada de seus motoristas; penso que seria racional que, esses profissionais dirigissem por seis horas e a cada período pudessem descansar , no mínimo por meia hora. Com certeza seria mais ético por parte das empresas e se evitaria tantos acidentes , decorrentes da exaustão ao volante.

Os motoqueiros hoje são campeões na falta de ética no trânsito. Ultrapassam por qualquer lugar e espaço, colocando em risco a vida dos outros e as suas próprias. Nas sinaleiras, levar vantagem e ficar na primeira fila é um exibicionismo anti-ético. Para atingir e chegar na fila da frente, batem em espelhos, esfolam-se entre si. Sem falar nas diversas vezes que presenciei chutarem a parte da frente dos carros numa atitude violenta e desregrada.

Outro exemplo que podemos citar como falta de ética no trânsito, é quando o cidadão está na condição de pedestre, em que o indivíduo julga o motorista e quer ser respeitado. O veículo o atrapalha, deixa-o irritado, faz com que ele demore! E, quando está na condição de motorista , pensa que o pedestre é um estorvo. Pensa assim! "Tô com pressa e esse cara quer atravessar a rua"! Pensamos tanto em um trânsito melhor!

Será que não é hora de nos tornarmos melhor no trânsito e principalmente numa mobilidade mais ética?

(*) Ciro Lemos- advogado
Especialista em Segurança do Trânsito